Capítulo 3

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"Você é minha"

Ela tem razão, ela é especial, ela é diferente. Vanessa Ortega é a garota que você estava procurando, filho. Você sabe que é, e insisti nisso, eu a escolhi pra ti, não farei o mesmo que fiz com outras ruivas, eu irei respeitar a garota que te pertence. PARA COM ISSO, CHEGA.

Abro meus olhos, meu coração está a mil, estou tão suado que meu travesseiro está ensopado, meu cabelo está húmido, merda, não consigo parar de olhar pra o teto até minha respiração voltar ao normal. Assim que isso acontece, me levanto, saio do quarto com tanta pressa que bato com a porta e desço as escadas, quase tropeço mas me recomponho facilmente, quando chego na cozinha tia Carmen está sozinha e eu agradeço por isso, "Aconteceu outra vez" digo a ela que dá um sobresalto de susto mas eu não ligo, "ela voltou" especifico, "mas eu estou bem" minto, minto descaradamente.

"Se você estivesse bem não viria até aqui" comenta.

"Eu estou bem, só porque eu vejo minha mãe em sonhos e pesadelos, e fica parecendo que ela está falando comigo, não significa nada" digo enquanto ela se aproxima de mim.

"Significa sim filho, vem cá" não consigo me segurar e a abraço com força, lágrimas rolam de meu olhos e choro em seu ombro pois não aguento mais sofrer com isso, "shh vai ficar tudo bem, você voltou na doutora Rodriguez?" Pergunta tia Carmen, eu faço não com a cabeça e eu paro de chorar, as vezes detesto ser assim tão emotivo, não conseguir esconder meus pensamentos de quem me conhece bem, como tia Carmen, meu pai e ontem a Vanessa também fez isso.
Tia Carmen limpa minhas lágrimas e diz que isso vai passar mas eu as vezes acho que não vai, eu ja tive psicólogos mas isso nunca para, acho que será assim até o dia em que eu morrer, "já tomou seus comprimidos?" ela pergunta e eu faço não com a cabeça, "deve ser por isso que voltou com tanta intensidade, tome alguns" faço sim com a cabeça e vou até o meu quarto, preciso me acalmar, mas agora não tenho com quem transar, levo um cigarro a boca e acendo ele, logo na primeira puxada já me sinto um pouco melhor, não diria que é um vicio meu fumar, simplesmente um porto seguro.

***

Passei os últimos dias pensando no que a tia Carmen disse, desde aquele dia eu não consigo fazer outra coisa que não seja pensar e me preocupar com a Vanessa, ela raramente come, sai toda a quarta-feira e sempre a mesma hora o que é um pouco suspeito, será que ela tem alguém? Um namorado? Um amante? Minha cabeça lateja só de pensar, eu faço de tudo pra chamar sua atenção mas nada resulta. Estou voltando do trabalho, estaciono meu carro na garagem e corro até a cozinha, encontro Lisa e sua mãe cozinhando.

"Vanessa?" Peço informações de um jeito que não pareça suspeita.

"Nossa, boa tarde, chegou cedo" Lisa debocha, quase crescemos juntos mesmo eu sendo alguns anos mais velho, "Ela está descansando lá na piscina" sorri e eu saio correndo, arranco meu paletó e minha gravata a caminho de lá. Quando finalmente atravesso a porta que dá acesso à piscina, vejo ela ali, deitada, com um par de óculos escuros e vestindo uma camiseta gigante sobre um daqueles colchões de ar.

"Vanessa" chamo seu nome, ela não reage, está dormindo, ela está tão frágil agora, tanto que decido me aproveitar disso, volto correndo pra cozinha, "me dê uma dessas facas gigantes" peço à Lisa que fica assustada, "calma, eu não vou matar ela" ainda, "é só uma brincadeira boba" termino e ela me entrega a faca.
Assim que a tenho em minhas mãos volto à piscina, tiro minha roupa e entro na piscina pelas escadas para não criar nenhum barulho sequer, entro na água e uso a faca para furar o colchão da Vanessa, primeiro de baixo e a seguir os lados, o colchão começa a esvaziar, saio da água sorrateiramente, quando isso acontece fico do lado de fora da piscina apenas observando. Estava ocupado demais pra apreciar as pernas de Vanessa, são lisas e parecem macias, sem uma mancha sequer, enquanto aprecio vejo seu pé entrar na água, sua pele fica toda arrepiada, seu braço também entra na água, ela finalmente acorda num sobressalto, rio da sua desgraça como de costume.

A Ruiva que me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora