Breve Segunda Vida - Sede

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A manchete do jornal parecia gritar do outro lado do vidro, SEATTLE SITIADA - MORTES AUMENTAM NOVAMENTE.

Bree ainda não havia visto essa, algum jornaleiro deveria ter colocado aquilo nem fazia pouco tempo, o que fazia a garota se questionar: Riley ia ter um ataque? Se isso fosse acontecer, ela iria fazer de tudo para estar longe, ele que arrancasse o braço de outra pessoa.

Naquela noite, Bree estava escondida na sombra de um velho prédio, tentando não ser notada, esperando alguma decisão eficaz dos dois idiotas que estavam com ela, Kevin e um garoto loiro que ela nem sabia o nome.

Ela tentava não chamar a atenção, mas os dois eram completamente estúpidos, Bree não podia negar que estava com sede, muita. Apenas queria encontrar um azarado, até mesmo um mendigo que não tivesse valor, assim ela não iria se sentir culpada.

Os garotos jogavam pedrinhas nas janelas próximas do prédio vazio e escuro, a cor desgastada, tudo derrubado e sem vida. Os dois eram da gangue de Raoul, por isso nem precisava dizer que eram estúpidos. E perigosos.

Em vez de decidir em que direção iriam achar o azarado,  eles estavam em meio a uma discussão sobre qual de seus super-heróis preferidos seria o melhor caçador.

Bree revirou os olhos se sentando no chão sujo, o loiro demonstrava sua preferência pelo Homem-Aranha, ele cantarolava a música do tema do desenho, ele era tão infantil assim?

Um movimento sutil à esquerda chamou a atenção de Bree, que suspirou rapidamente quase agarrando os cabelos por conta da fome insuportável, o vampiro, cujo nome era Diego, o braço direito de Riley, olhou Bree que desviou o olhar abaixando a cabeça.

— O Homem-Aranha era um fracassado chorão garoto louro — Kevin disse — Vou mostrar como um super-herói de verdade caça — ele sorriu, seus dentes brilharam sob a luz de um poste.

Kevin saltou no meio da rua quando os faróis de um carro iluminaram o calçamento esburacado com um brilho branco-azulado.

Ele flexionou os braços para trás, depois os uniu lentamente como um lutador profissional se exibindo. O carro se aproximava, provavelmente esperando que ele saísse do caminho como faria uma pessoa normal.

Como ele deveria fazer.

— Hulk com raiva! — Kevin gritou — Hulk... ESMAGA!

Vampiro estúpido — Bree se levantou buscando se esconder atrás de uma placa velha e derrubada.

Kevin saltou para a frente e foi de encontro ao carro antes que o motorista pudesse frear, agarrou o para-choque dianteiro, girou o veículo sobre a cabeça e jogou-o no chão com as rodas para cima, provocando um estrondo de metal se retorcendo e vidro quebrando. Lá dentro, uma mulher começou a gritar.

— Cara... — Diego disse balançando a cabeça. Ele era bonito, com cabelos escuros e encaracolados, olhos grandes e lábios carnudos, mas quem não era bonito ali? Até Kevin e os outros idiotas da gangue de Raoul eram bonitos — Kevin, não devíamos chamar atenção, Riley disse...

— Riley disse! — Kevin o imitou, afinando a voz. — Diego, Riley não está aqui. Não seja medroso.

Kevin saltou sobre o Honda capotado e deu um soco na janela do lado do motorista, que de alguma forma permanecera intacta até aquele momento. Ele enfiou a mão entre os vidros quebrados e tateou o air bag que já murchava, tentando encontrar o motorista.

Bree se sentou atrás da placa derrubada, não querendo olhar na direção de Kevin se alimentando, não queria brigar com ele, mesmo que estivesse com muita sede.

Crepúsculo - Lua VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora