Breve Segunda Vida - Globo Cintilante ¹

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Ashes, ashes, we all fall down — Bree cantou  baixinho enquanto se levantava e pegava uma pilha de livros.

Diego riu.

Ambos fizeram mais uma rápida parada no caminho — invadiram a loja vizinha, também vazia e apanharam sacos plásticos e duas mochilas.

Assim que terminaram, voltaram à enseada, percorrendo quase todo o caminho sobre os telhados. O céu começava a se tingir de um cinza mais claro no leste.

Entraram na água bem debaixo do nariz dois vigias distraídos, perto da balsa - para sorte deles, Bree estava satisfeita, senão a proximidade teria sido demais para o seu autocontrole.

No início, ela não sabia que era uma corrida. Só nadava depressa porque o céu ia ficando mais e mais claro. Bree não costumava desafiar o tempo dessa maneira.

Para ser bem honesta consigo mesma, ela se transformara numa perfeita vampira nerd. Seguia as regras, não causava problemas, convivia com os garotos menos populares do grupo e sempre voltava cedo para casa.

Diego se adiantou alguns metros, olhou para trás sorrindo e disse:

— O que foi, não consegue me acompanhar?

E voltou a nadar.

Isso era algo que ela não ia aturar. Não conseguia lembrar se era competitiva antes - tudo parecia muito distante e sem importância.

Bree o perdeu de vista na água escura e não desperdiçou tempo olhando para trás para checar quanto tinha de vantagem. Apenas nadou até alcançar a extremidade da ilha onde ficava a casa mais próxima recente.

A anterior fora uma grande cabana no meio do nada em Snowville, na encosta de uma montanha qualquer das Cascades. Como a última, a casa atual era isolada, tinha um grande porão, e os proprietários haviam morrido recentemente.

Enterrou os dedos na areia grossa para se levantar, ouviu Diego saindo da água quando ela agarrava o tronco inclinado de um pinheiro e me balançava, tomando impulso para chegar ao alto do penhasco.

O sol se erguia depressa. Os pinheiros negros começavam a se tingir de verde. Logo as pontas mais claras se destacariam na penumbra, e nesse momento ela estaria morta.

Subiu até o penhasco, e se surpreendeu quando viu que a casa estava completamente destruída, o teto jogado de forma inclinada no chão e o lugar completamente escuro como se estivesse sido queimado.

Engoliu uma exclamação de surpresa quando Diego aterrissou ao seu lado.

— Talvez se corrermos para baixo dos escombros do telhado — sussurrou —  Seria suficientemente seguro ou...?

— Não entre em pânico, Bree — Diego disse com a voz muito calma — Eu conheço um lugar, vamos.

Ele saltou de costas e com muita elegância da beirada do penhasco. Bree não acreditava que a água fosse suficiente para bloquear o sol. Será que submersos não queimaríamos? O plano parecia bem ruim.

— Eu perdi o controle. Roubei a arma de um amigo e saí caçando —  sua risada soou sombria — Naquele tempo não era tão bom nisso. Mas peguei o cara que matou meu irmão antes que me pegassem, o restante da gangue me encurralou em um beco. Então, de repente, Riley estava lá, entre mim e eles — falou, se encostando em uma rocha — Eu me lembro de ter pensado que ele era o sujeito mais branco que eu já tinha visto, Riley nem olhou para os outros quando atiraram nele. Era como se as balas fossem mosquitos. Sabe o que ele me disse?

"Quer uma vida nova, garoto?"

— Hah!  — ela riu, batendo os braços na água  — Foi bem melhor com você. Comigo foi: "Quer um hambúrguer, garota?"

Crepúsculo - Lua VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora