Breve Segunda Vida - Globo Cintilante ²

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— Vamos contar a Riley? Acha que ele não sabe? — perguntou.

Diego suspirou e abaixou a mão.

— Não sei. Vamos pensar nisso enquanto procuramos pelos outros.

— Temos que ser cuidadosos ao rastreá-los durante o dia. Sabe como é, somos fáceis de sermos notados na luz.

Diego engoliu em seco

— Vai ser melhor ter essa conversa durante o dia, mesmo quando eu puder provar imediatamente minha afirmação. E caso ele já saiba, mas tenha um bom motivo para não nos ter contado antes, será melhor conversarmos sozinhos.

Ela notou que, de repente, ele dizia 'eu' no lugar de 'nós', e isso a incomodou. Mas, ao mesmo tempo, ela não queria participar de nenhuma conversinha educativa envolvendo Riley. Ela não tinha nele a mesma fé que Diego.

— Ataque ninja ao amanhecer! — exclamou, tentando fazê-lo rir. E funcionou.

Voltaram a brincar e seguiram rastreando seu bando de vampiros, mas ele podia perceber que, por trás da aparente diversão, Diego pensava em coisas sérias, assim como ela. E Bree ficou mais ansiosa à medida que continuavam correndo. Eram muito velozes, e não havia nenhuma possibilidade de estarem na trilha errada, mas estavam demorando demais para encontrá-los. Eles se afastaram muito da costa, subindo as montanhas e entrando em um novo território. Esse não era o padrão habitual.

Todas as casas que haviam ocupado, fossem elas na encosta de uma montanha, em uma ilha ou escondidas no meio de uma grande fazenda, tinham algumas características em comum: os proprietários mortos, o local isolado e mais uma coisa – todas visavam Seattle. Margeavam a cidade como luas orbitais. Seattle era sempre o foco, o alvo.

Agora estavam fora de órbita, e isso era estranho. Talvez isso não quisesse dizer nada, talvez fosse só uma das muitas coisas que mudaram naquele dia. Todas as verdades que ela aceitava estavam de cabeça para baixo, e ela não estava com disposição para outras revoluções. Por que Riley não havia simplesmente escolhido um lugar normal?"

— Engraçado eles terem se afastado tanto — Diego murmurou, e ela ouviu a tensão em sua voz.

— Engraçado ou assustador — disse.

Ele apertou sua mão.

— Está tudo bem. O clube ninja pode encarar qualquer coisa.

— Já criou nosso cumprimento secreto?

— Estou pensando nisso — ele garantiu.

Algo começou a incomodá-la. Era estranho, como se ela pudesse sentir um ponto cego... Sabia que havia alguma coisa que não enxergava, mas não conseguia identificar o quê.

Algo óbvio...Então, uns trinta e cinco quilômetros a oeste do seu perímetro habitual, encontraram a casa. Era impossível não reconhecer o barulho. O tum tum tum do baixo, a trilha sonora do videogame, os grunhidos. Era típico.

Soltou a mão de Diego e ele a olhou.

— Ei, eu nem conheço você — falou num tom debochado — Nós nem conversamos no meio de
toda aquela água. Até onde sei, você pode muito bem ser um ninja ou um vampiro.

Ele riu.

— Vale para você também, estranha. — Depois, em voz mais baixa e falando depressa: — Faça as
mesmas coisas que fez ontem. Amanhã à noite sairemos juntos. Vamos fazer um reconhecimento, tentar entender um pouco mais do que está acontecendo.

— Gostei do plano. Dê o sinal.

Ele se inclinou e a beijou — só um selinho, mas q beijou na boca. O choque provocado pelo
contato percorreu todo o seu corpo.

Crepúsculo - Lua VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora