1 - O lugar errado, na hora certa ✔

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✔ Este capítulo foi revisado. Boa leitura!

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Mais um dia se inicia. Um dia que parece noite.

O distrito sempre é bem escuro, tem pouca luminosidade porém quanto mais tempo você passa aqui mais se acostuma com a realidade. Moro aqui desde que me lembro por gente mas escuto histórias de lugares que nunca irei conhecer. Todas as pessoas que são deserdadas para o distrito falam de um céu azul, animais bonitos, comidas deliciosas feitas com alimentos que nem sequer imagino como são.

Saio de casa para dar uma volta e acabo me sentando na calçada, a poucos metros de casa. Olho para cima vendo somente um enorme "teto" de terra que cobre tudo o que está acima de nós. Não me importaria se ele simplesmente caísse agora a acabasse com tudo. Sim, eu sei que é um pensamento egoísta, mas eu estou de luto e acho que posso sentir algo assim mesmo que um pouco.

Há dois meses atrás minha mãe ainda estava viva. Eu ainda posso sentir o calor do seu rosto se me forçar a encarar minha mão e posso ouvir sua voz com clareza em minha mente, como se ela estivesse ao meu lado. Sua vida acabou em um dia estranho com cheiro de terra molhada. Estávamos no nosso quarto quando de repente a porta da entrada foi arrombada em um estrondo repentino. Só tive tempo de olhar para ela uma última vez, que foi quando me empurrou para o armário e me trancou dentro dele.

Pelo pequeno buraco da fechadura eu pude ver dois homens se aproximando, um deles com uma faca na mão e outro com um pedaço de madeira grande e cheio de pregos. Minha mãe tentou argumentar sobre alguma dívida mas eles foram rápidos e a mataram em poucos segundos. Um ataque brutal para derrubá-la no chão e cortando a sua garganta em seguida, depois disso me forcei a não ver nada e segurei a boca para não sair nenhum ruído sequer. Quando me afastei da porta do armário senti um vento gelado vindo por trás e me virei para ver, havia uma madeira solta que parecia estar ali de propósito. Afastei ela para o lado devagar e tive acesso a uma pequena porta. Sem pensar duas vezes me agachei e saí por ela, chegando a rua que ficava logo atrás da casa. Passei dois dias dormindo na rua até criar coragem para voltar até a minha casa.

-- Moleques miseráveis!! Filhos da puta! Roubaram os DMT's, alguém chame logo a polícia!!!

De repente escuto um grito que me tira dos meus pensamentos. Me virei na direção do grito e vi dois garotos correndo em direção a uma esquina próxima, eles pareciam rápidos mesmo segurando os DMT's. Não vi o rosto deles porque estavam de costas mas lembro das roupas porque elas estavam limpas. Eu soltei uma risada abafada e curta. Roubar DMT's? Deviam estar mesmo desesperados, eles são praticamente inúteis aqui em baixo porque aqui não tem titãs, nunca terá.

Crio coragem para levantar, tirar a poeira das calças e voltar para a casa. Ao chegar faço o de costume, tento comer alguma coisa e crio uma barricada improvisada na porta. E o mais importante é me deitar perto do armário porque se aqueles caras voltarem vou fugir por aqui de novo.

A Garota do Distrito Subterrâneo (Em revisão!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora