"Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se." - Lauro de Oliveira Lima.
Mesmo já sob o céu do entardecer, parecia que os raios de sol se tornavam cada vez mais brilhantes conforme o portão daquele presídio se abria.
Os olhos brilhavam, lá dentro e lá fora, aguardando cada instante no espaço-tempo que parecia ter parado na ansiosa espera pela liberdade.
... – Eu tô muito orgulhoso de você, Rams. Nós vamos estar juntos em breve. ...
Mesmo que o que estava lá dentro não soubesse como pôr tudo em palavras, seu coração sabia que ele estava finalmente se perguntando o que fazer para sentir orgulho, de si próprio e daquele que o esperava lá fora.
... – Eu te amo desde a primeira vez que te vi. ...
Ele só precisava de uma chance. De uma oportunidade para fazer diferente, para ser diferente, o diferente que nasceu para ser. Para amar, para ser amado, para dar e receber essa coisa inédita para si: Amor.
... – E o que eu vou fazer quando sair daqui, Kevín? Eu num sei fazer nada.
- Você pode aprender. Do mesmo jeito que aprendeu a ler, a escrever, você pode aprender a ser o que você quiser. Faça o que quiser, Rams... Mas, sempre faça tudo em favor da sua liberdade. ...
O portão finalmente se abriu e os olhares se cruzaram.
O brilho do sol era forte ao entardecer, mas nada ofuscaria o brilho daqueles olhos reencontrando um ao outro do lado de fora daquele presídio.
O brilho dos olhares foi combinado ao brilho dos sorrisos que se abriram em sincronia. E a emoção levou aqueles corpos a se chocarem num abraço. Abraço apertado o bastante para sufocar de vez qualquer traço das tristezas do passado.
Os braços entrelaçados, então, passearam uns pelos outros, sentindo o calor que aqueles corpos trocavam. As mãos não sabiam bem onde repousar e os olhares voltaram a se encarar para, logo em seguida, fecharem-se enquanto as bocas se encontravam num beijo intenso; na mesma intensidade de todas as emoções envolvidas naquele momento.
- Finalmente! – A voz embargada de Kelvin foi ouvida num sussurro após o beijo.
- Finalmente. – Ramiro repetiu.
Agora, sendo tomados por risos de felicidade, o casal repetiu o óbvio como que para se convencerem que era tudo real mesmo e não o mesmo sonho que vinham sonhando junto nos últimos meses.
- Você tá livre, meu amor! Você tá livre! Finalmente, você tá livre!
- Eu tô... Eu tô livre, Kevín! Eu tô livre pra ocê, meu pequetito!
Outra voz surgiu em meio à comemoração.
- Bom, você está livre, Ramiro. Foi um prazer ajudar vocês nessa jornada.
O casal, enfim, lembrou-se de haver mais pessoas no local e virou para quem falava.
- Muito obrigado, Rodrigo! Sem sua ajuda eu não sei o que seria do Rams. – Kelvin agradeceu.
Ramiro logo se pôs a frente para apertar a mão do seu advogado e, não obstante, lhe deu um abraço apertado também.
- Brigado, doutor Rodrigo! Brigadão! Ocê é o adevogado mais mió de Nova Primavera e ó, eu até fiz propraganda sua pra uns colega meu aí preso. Cê vai ter um trabalhão, viu?
- Nossa, Ramiro!... É... Obrigado. Bom, vamos? Eu vou levar vocês para o Naitandei.
Todos entraram no carro do noivo de Luana. Assim que partiram, Ramiro olhou para o que havia sido sua morada pelos últimos meses e encheu os olhos de lágrimas.
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Liberdade e Paixão
FanfictionE depois que Ramiro saiu da prisão? Ele era outro homem. Completamente mudado como Kelvin havia dito em seus votos de casamento. Bom, talvez não completamente, porque um pedacinho de Ramiro não mudou. Este pedacinho já era de Kelvin desde a primeira...