Capítulo 15: Planos em execução

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No quarto, o casal conversava.

- Cê acha mesmo que o Julín sabe quem mexeu no portão?

- Acho. Ele se afastou antes do portão cair em mim.

Ramiro estava reticente, Kelvin podia notar.

- Rams, eu sei que é difícil o que eu tô dizendo, mas você precisa acreditar em mim. Eu não tô dizendo que o Julinho fez tudo de propósito, não, mas que ele sabia o que ia acontecer.

- Eu tava pensando que ocê tinha ido evitar que o portão caísse em cima dele e acabou foi caindo n'ocê...

- Não, Rams, ele tava com as duas mãozinhas no portão e alguém bateu forte e ele disse pra eu subir pra ver quem era. Aí... Ele soltou e... Aquilo caiu em cima de mim. É tudo que eu lembro, eu acho que desmaiei na mesma hora que bati as costas e a cabeça no chão. Eu tava só com um pé encaixando no portão, acho que por isso torci.

- Tá, mai... Como que ele ia saber que tava solto? Por que, Kevín?

- Rams... Eu não sei, mas... Acho, sinceramente, que alguém o convenceu a fazer isso comigo.

- Quem? Pelo que eu entendi, o Julín num era muito de obedecer ninguém, não. Ele simpatizou com eu, só... Mai antes ele só obedecia a mãe, porque senão ele apanhava, né? Mai de resto, ele num obedecia.

As palavras de Ramiro foram como uma luz na mente de Kelvin.

- Rams! É isso... Será...

- Será o quê?

- A mãe. Ele pode estar obedecendo a mãe. Não lembra que a Caline disse que ela saiu da cadeia faz alguns dias?

- Êêê... Lembro, mai... Onde que Munda ia tá vendo ele se ele tá lá no abrigo?

- Talvez ela esteja se comunicando com o Julinho de alguma forma, sei lá!

- Êêê... Sei não, Kevín...

- Ramiro, não tenho outra ideia pra o que tá acontecendo, então! Quem mais teria algo contra mim? Só ela! Porque dois anos atrás quando ela veio aqui atrás de você, você já estava comigo. Mesmo que nem você mesmo admitisse, nós já estávamos juntos e ela nos viu. E ela nos chantageou, lembra? Ela levou minhas economias. E se ela saiu da cadeia e foi atrás do filho?

Ramiro já se mostrava nervoso. - Êêêê... Ô, pequetito, é coisa demais pra minha cabeça, eu fico zurueta das ideia, eu num sei nem o que pensar! Sabe o que me deixa mai triste nisso tudo?

- O que, meu amor?

- É que se o Julín for ou num for meu filho, ele ainda assim tem aquela mãe que mais parece uma cobra venenosa.

- É... E ela pode estar envenenando a cabecinha dele. Não sei como, mas... Tô pensando aqui num jeito de descobrir se ela tá por trás disso. Temos que voltar ao abrigo e falar com a Manuela. Aquelas câmeras vão nos ajudar. - Kelvin olhou para o marido, quieto e pensativo, e declarou: - Você tá preocupado pelo que eu disse, né? Que o Julinho pode ter armado isso de alguma forma com a mãe. Rams, eu juro que não quero acusar uma criança, ainda mais uma que pensamos em adotar, mas... Eu não consigo pensar em outra possibilidade.

- É, Kevín, eu fico triste, né? Porque... Já pensou se ele é memo meu filho e... E ele num gostar d'ocê? Como que eu vou viver com isso? Eu já gosto muito do Julín, mai ocê... Ocê é o pequetito da minha vida.

Emocionado, Kelvin sorriu lindamente para Ramiro diante de tal declaração. Estendeu os braços pedindo mais um abraço que Ramiro não hesitou por meio segundo em dar. Ainda abraçados, os dois pareciam ter o poder de compartilhar suas almas, seus medos, suas angústias e suas alegrias. O calor de seus corpos juntos era o que mais os confortava. Cada vez que se abraçavam, ambos tinham toda a certeza de que nada lhes era impossível e que o seu amor lhes faria vencer qualquer obstáculo.

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