Capítulo 8: Invadindo

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- Kevín... Posso perguntar uma coisa procê? – Ramiro questionou assim que voltaram para o quarto.

- Claro que pode. Fecha a porta, por favor. – Kelvin respondeu enquanto arrumava as coisas para o café da manhã num cantinho da cômoda.

- É... Cê ainda tá chateado com eu? – Ramiro perguntou indo empurrar a porta ligeiro, distraído pela incerteza, sem nem olhar direito o que estava fazendo. – É que eu num tendi porque ocê me defendeu agora na frente do Zeza, mai quando acordei cê num tava aqui... – Coçando a cabeça, cheio de dúvidas, se aproximou do marido. – Eu fiquei imaginando coisa aqui com as faculdade da minha mente e... E eu num gosto de pensar nessas coisa... E-Eu num gosto nem de pensar muito, cê sabe...

Kelvin se virou para ele, encarando-o. – O que você ficou imaginando, Ramiro?

- Que... Que ocê num ia querer mais falar comigo por causa dessa história de... De... Cê sabe!

- Do seu provável filho? – Kelvin concluiu sério. Ramiro não era bobo quanto ao seu pequetito. Conhecia bem o comportamento daquele ser que tanto amava.

- Cê ainda tá com raiva d'eu, né? Cê num vai perdoar eu? – Questionou com uma tristeza misturada a certa inocência.

Kelvin fechou os olhos por uns segundos, tratando de ser tão forte quando Luana o havia pedido para ser na conversa que haviam acabado de ter. Após um profundo suspiro, perguntou:

- Ramiro, como você acha que eu me sinto? Hein? Como você acha que eu me sinto sabendo que existe a possibilidade de você ter um filho?

- Êê... E-Eu num sei, Kevín...

- Tem que saber! Eu quero que você me diga! Eu preciso que você me diga como você me vê nisso tudo, como acha que eu me sinto.

- Kevín, eu... Eu num sei o que dizer! Como que eu vou saber como cê se sente? Eu só sei que... Que ocê deve de tá triste e magoado com eu. E eu fico muito mal com isso, Kevín, muito mal porque... Eu num quero te fazer mal nunca, meu pequetito. E se ocê num perdoar eu mais, eu... Eu morro. Eu morro, Kevín.

Kelvin buscou toda a verdade de suas palavras em seus olhos. O marido o olhava e demonstrava todo o sentimento que mal sabia expressar em palavras com o brilho do olhar para ele.

- Não diz isso, Rams...

- Digo. Eu digo, sim, Kevín. Porque eu te amo demais. Te amo desde que te conheci, ocê é minha vida. E se eu num tiver mais ocê, eu num tenho mais nada. Ocê é tudo que eu tenho, meu pequetito. – As lágrimas que inundavam seus olhos escorreram por fim.

Igualmente emocionado, Kelvin indagou: - V-Você vai continuar me amando do mesmo jeito s-se esse menino for seu filho? Vai, Rams?

Ramiro chegou mais perto dele, tão perto que um podia sentir a respiração quente do outro e os corações batendo na mesma sintonia, só para afirmar do jeitinho torto e único dele.

- Kevín... Podia aparecer dez filho meu, que eu ainda ia te amar pra sempre, meu pequetito.

Kelvin, apesar de tudo, podia sentir a verdade que emanava do amor que Ramiro lhe tinha. Não conseguindo segurar uma risadinha, balançou o corpo como que revoltado e deu um tapinha no braço do marido, dizendo:

- Olha aqui, senhor Ramiro Santana Neves, você nem ouse me aparecer com um monte de filho porque eu juro que eu peço o divórcio, viu?

- Não! Não, Kevín, nem diz isso! Num tinha nem como, eu nunca fiquei com outras muié. Só com a Munda memo, e foi sem querer, né? E com a dona Cândida, mas ela já era mei véia, né? Aí...

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