Liberdade e Paixão

Capítulo 7: Laranjinha

Dia seguinte, bem cedo de manhã, Luana já estava de pé escolhendo algumas comidas na cozinha do Naitandei quando Kelvin apareceu lá. Sem prestar atenção nele, ela foi logo falando:

- Olha quem já está levantado tão cedo! Bom dia! Que milagre é esse? Por acaso, o Ramiro não te deixou dormir, foi? A lua de mel tá boa, hein? - Ela riu.

Kelvin, sentando-se num dos bancos e colocando uma mão embaixo do queixo, respondeu cabisbaixo: - Se pelo menos fosse só por isso que não dormi...

Nessa hora, Luana notou seu tom e a melancolia em seu rosto. Todo aquele brilho no olhar de felicidade por estar com o amor de sua vida parecia haver sumido. Ela deu a volta no balcão e foi se sentar ao lado de Kelvin.

- Ei! O que houve, minha velha? Você estava tão feliz... O que aconteceu? Brigou com o Ramiro?

- Não.

- Ué! Então... Que foi? Ele não quis comparecer? Não deu conta? - Ela deu uma risadinha, mas Kelvin olhou para ela com a expressão de que não estava para brincadeira.

- Nossa! Não me olha assim! Ei, Kelvin... Eu brinquei, mas quero saber, sério. O que você tem, minha velha? Por que está assim? Eu posso ajudar?

Kelvin respirou fundo e abriu a boca para contar. Mas, antes que começasse a dizer as primeiras palavras, a vontade de chorar foi mais forte.

- Ai... Tô achando que o problema é mais grave do que penso. Vem! Vamos para o meu quarto. Você vai me contar o que tá acontecendo.

Ela deixou o que estava fazendo e pegou Kelvin pela mão levando-o até seu quarto. Ele se deixava ser levado, como se estivesse sem forças para reagir. Tudo que fazia era enxugar as próprias lágrimas.

Ao chegarem, Luana fechou a porta explicando: - Pronto. Aqui vamos ter privacidade e você vai me contar tudinho, viu, senhor Kelvin! - Virou para ele encaminhando-o para a cama. Sentou e o fez sentar-se na sua frente. Segurou em ambas as mãos e pediu: Agora, confia em mim. Me conta o que te aflige. Por que você está assim? E me fale a verdade. Aconteceu algo ruim entre você e o Ramiro? Porque só pode ser isso pra você estar assim. Ele te disse alguma coisa que te magoou? Te machucou de alguma forma?

Kelvin tentava conter o choro, mas o tremor dos seus lábios o entregou. Ele balançou a cabeça em confirmação.

- Oh, Kelvin... - Ela suspirou e continuou. - Eu não sei o que ele pode ter te dito pra te deixar assim, mas acho que ele não fez por mal, meu querido. Dá pra qualquer um ver que o Ramiro te ama. Ele mudou tanto por esse amor, ele teve coragem de se casar com você dentro da cadeia, Kelvin! Quando que eu poderia imaginar que o Ramiro faria isso um dia, que ele chegaria aonde chegou. E olha agora! Mas, ainda temos que lembrar que ele viveu a vida inteira do lado completamente oposto disso tudo. Não deve ser fácil pra ele. Se ele te magoou, não acho que foi por querer.

- Quem diria que você estaria defendendo o Ramiro pra mim. - Kelvin comentou ainda cabisbaixo, sem encará-la.

- Não estou defendendo, estou dizendo minha opinião. Mas, só posso continuar te ajudando se você me contar o que houve.

Kelvin soltou-se dela levando ambas as mãos a tapar o próprio rosto. Luana notou que ele ainda estava titubeando em falar o porquê de sua tristeza, então pensou rápido no que fazer. Ajeitando-se na cama, pediu para Kelvin se aproximar:

- Ei, vem cá, vem. Lembra de quando você chegou aqui, novinho, sem experiência nenhuma?... Quer dizer, até tinha, mas não pra esse tipo de trabalho, né? Aí um dia eu te encontrei chorando porque você não queria fazer programa e... E eu ofereci um colo, não foi? Até você ficar bem. Então, eu estou te oferecendo um colo de novo. Vem, Kelvin.