Capítulo 4: Quem é esse menino?

442 49 32
                                    

Kelvin esperava Ramiro do outro lado da rua do abrigo onde o marido trabalhava. De vez em quando ele gostava de ir buscá-lo para perguntar como foi seu dia e encorajar Ramiro a continuar, já que este nem sempre estava tão disposto assim para o novo trabalho.

Dessa vez, porém, quando Ramiro surgiu na saída estava com um ar diferente. Parecia pensativo, mas radiante, feliz. Kelvin viu quando ele virou para trás e deu um tchauzinho com um grande sorriso, mas não viu para quem. Depois, Ramiro o viu esperando do outro lado e atravessou a rua correndo para encontrá-lo.

- Oi, Kevín! – Recebeu-o com um beijinho.

- Oi, amor. Como foi o trabalho hoje?

- Ah... Foi bom.

- Foi bom? Que milagre! Geralmente, você diz "ê, eu só fiquei varrendo o dia todo hoje, vou precisar de uma massagem, Kevín". – Kelvin se pôs a imitá-lo. – Ou então, "as criança às vez faz muito baruio, eu fico com meus ouvido zumbino"...

- Êêêê... Cê para de imitar eu! – Começaram a caminhar voltando para o bar. – E eu num só reclamo, não, tá, pequetito! Eu, às vez, falo umas coisa que é pra você ajeitar eu...

- Ajeitar você? – Pelo jeito dengoso que Ramiro falou, Kelvin já sabia do que se tratava. – Você tá querendo dizer que, às vezes, fica reclamando só pra eu mimar você depois? Tipo, te dar uma massagem... – Começou a demonstrar o gesto massageando as costas do marido enquanto caminhavam. – Ou te fazer um carinho... – Acariciou a barba de Ramiro que disfarçava um sorriso. – Ou até, de repente, fazer outras coisinhas... – Deslizou a mão até o cós da calça dele.

- Êêêê... Cê é muito safado, pequetito!

Kelvin riu ficando na pontinha dos pés para aproximar seu rosto do dele. – Olha quem fala. Não era disso que você estava falando, por acaso, senhor Ramiro Santana Neves.

Ramiro já começava a se perder no olhar tentador do seu pequetito. – Vem aqui, vem. – Ele o puxou para mais junto dele, para colarem os corpos. – Ocê sabia que eu gosto demais quando ocê me chama assim, de seu Ramiro Santana Neves?

- Gosta? Ah, eu também gosto! – Kelvin falou se derretendo nos braços do seu amor. – Adoro repetir pra todo mundo saber que você tem meu sobrenome agora, e eu tenho o seu, e nós somos o casal Santana Neves.

- É, casal... Cê agora é meu marido... Minha famía, né?

- Família.

- É... Família. – Ramiro repetiu certo após ser corrigido e ficou com o olhar distante.

- O que, meu amor? Tô te achando meio pensativo desde que saiu. Aconteceu alguma coisa hoje?

- Aconteceu. – Ramiro falou um tanto sério.

- O que?

- Eu conheci o Júlio.

Kelvin logo desfez o sorriso e franziu a testa. – Quem é Júlio?

Com o olhar distante e o sorriso meigo, Ramiro começou a falar:

- O Júlio, Kevín... Ele me achou legal. Ele me olhou de um jeitín assim que... Que nunca tinham me olhado antes, sabe? Eu gostei. Eu senti uma coisa assim, aqui no meu peito, que eu num sei nem explicar.

Kelvin não gostou nada dessa resposta. Soltou-se dos braços do marido e deu dois passos para trás com cara de poucos amigos.

- Ramiro Santana Neves! – Enfatizou o "Santana" mostrando seu dedo com a aliança. – Vou perguntar mais uma vez: quem é esse tal de Júlio? – Cruzou os braços, batendo um pé no chão.

Liberdade e PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora