- Ramiro... E se a gente adotasse o Julinho?
Ramiro ficou encarando o marido, surpreso com aquela proposta.
- Como assim, adotar o Julinho, Kevín? Mai, nós num tem que saber primeiro se ele é meu filho, num é?
- Bem, sim. Podemos fazer as duas coisas. Eu estava pensando aqui... Mas, a gente tem que conversar primeiro com o doutor Rodrigo, pra ver se dá certo.
- Se dá certo o quê, Kevín? Eu num tô tendendo mai nada!
- É assim, Rams... Eu pensei aqui que talvez a gente possa entrar com o processo de adoção. E enquanto isso, verificamos o processo de comprovação da paternidade. Se ficar provado que você é o pai do Julinho e não sabia esse tempo todo, talvez você consiga a guarda dele. Por outro lado, pode ser que isso se complique e demore muito também e mesmo ele se parecendo muito com você há a chance de você não ser o pai dele. Você já pensou nessa possibilidade também? De não ser o pai dele?
- Êêêê... Ô, Kevín, eu num tendi muita coisa que ocê falou aí, mai... Eu num pensei se num for o pai dele, sabe?... Eu nem pensei nisso...
- Por que você não pensou nessa parte? Você gostaria que ele fosse seu filho?
-... É que eu... Eu num quero falar nada pra magoar ocê, meu pequetito.
Kelvin sorriu para ele, agradecido pela preocupação. – Não se preocupa, você não vai me magoar. Fala o que você quiser.
- É que eu, assim, eu... Cê sabe que eu falei aquelas coisa de que eu tinha vontade de ter um Ramirinho depois que eu vi o bebê da dona Graça...
- Isso faz tanto tempo, Ramiro. Não me afeta mais. Foi até bom aquela nossa conversa porque foi ali que eu sinto que fiz você ver que dois homens podiam se casar. E olha a gente agora?
- É, foi. E eu entendi, Kevín. Por isso que pedi pra ocê casar com eu. – Kelvin sorriu e segurou nas mãos do marido trazendo-as para um beijo, enquanto este continuava: - Sabe, Kevín, depois que eu vi o Julín, eu... Eu acho que eu senti, assim, uma coisa aqui no meu peito que eu só tinha sentido uma vez.
- Quando?
- Quando eu conheci ocê.
Kelvin se surpreendeu com tamanho sentimento e, enquanto se perguntava se seria a intuição de Ramiro levando-o de encontro ao filho perdido ou apenas uma coincidência, comentou: - Você disse que me amou desde a primeira vez que me viu.
- E foi, pequetito. Foi parecido, mai foi diferente, entende? É compricado pra eu expricar também, mai eu vou tentar! O que foi parecido, foi que eu senti como se eu levasse um susto e meu coração começasse a bater bem forte. E eu num conseguia parar de te oiá depois que te vi pela primeira vez. Mai o que foi diferente é que com ocê eu tinha vontade de... De beijar ocê...
- Você tinha vontade de me beijar desde a primeira vez que me viu?
- Tinha. Eu queria chegar mais perto d'ocê, sentir essa sua boquinha rosadinha, sentir esse teu cheiro bom... Te dar uns apertãozín... – Ramiro riu sendo acompanhado por Kelvin. – E o que eu senti quando vi o Julín lá sendo esculachado pelas outra criança, foi uma vontade de cuidar dele, Kevín. Eu só queria proteger ele. Quando eu vi ele chorando me deu um apertão que nem os que eu dou n'ocê, mai parecia que era no meu coração. E eu me alembrei de quando eu ficava chorando assim escondido igual ele... Eu num queria, num quero que ele chore desse jeito. E memo sendo na minha horinha de folga eu gosto de ir lá fazer aquela casinha com ele, porque... É um sonho dele, né, Kevín?
- E você quer realizar os sonhos dessa criança, né?
- Se eu pudesse, eu realizava.
- E se você puder? E se a gente puder realizar nossos sonhos, de nós três, juntos?
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Liberdade e Paixão
FanficE depois que Ramiro saiu da prisão? Ele era outro homem. Completamente mudado como Kelvin havia dito em seus votos de casamento. Bom, talvez não completamente, porque um pedacinho de Ramiro não mudou. Este pedacinho já era de Kelvin desde a primeira...