Capítulo 12: Sentir

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Caminhando ainda abraçados, antes de chegar ao seu destino, Ramiro permanecia calado e choroso, fazendo Kelvin seguir preocupado. Uma chuva fina começou e o pequetito usou disso para puxar assunto com seu marido, quebrando aquele gelo insuportável.

- Rams, vamos procurar um lugar para ficar embaixo? A chuva tá com cara de que vai aumentar, não tá?

Ramiro, entretanto, apenas balançou a cabeça aceitando. Nenhuma palavra saía da sua boca. Kelvin suspirou profundamente, resignado, cansado.

- Meu amor, você não pode ficar assim. Eu não quero te ver tendo uma daquelas crises de novo, lembra? Você tá tão melhor das crises de pânico, da ansiedade... Eu não quero te ver sofrendo de novo.

Ambos parados no meio do nada, Ramiro o olhou e acariciou seu rosto como se enxugasse em Kelvin uma lágrima que rolava em si mesmo. Assim como as lágrimas que escorriam, a chuva realmente aumentou para ajudar a molhar seus rostos.

- Vem, vamos sair dessa chuva. – Kelvin o puxou pela mão até embaixo da sacada de um antigo bar abandonado. Ao se sentarem no chão para esperar a chuva passar, o pequetito continuou: - Ramiro... Me escuta agora. E me escuta bem. Você não tá sozinho. Tá? Você nunca mais vai estar sozinho porque eu estou com você. E nós dois nos completamos. Olha essas alianças nos nossos dedos! Elas são o símbolo do nosso casamento, do nosso amor. Lembra? É na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, nos melhores e piores dias das nossas vidas, para sempre vamos estar juntos, porque nosso amor é infinito. Você sabe, né, Rams?

Emocionados, Ramiro confirmou com a cabeça enquanto segurava forte nas mãos pequenas do seu amado.

- Eu sei que você sabe. Eu sei. Eu sinto aqui, ó. – Kelvin encostou-se a ele deitando a cabeça sobre seu peito. – E quero que você nunca se esqueça que eu te amo mais que tudo. Lembra que a gente tá junto pra tudo que vier. Lembra tudo pelo que a gente já passou, tudo que a gente já superou. Lembra que a gente logo vai ter nossa própria casa, um lugar pra chamar de nosso e... E aconteça o que acontecer... Vai dar certo, Rams. Vai dar certo, viu?

Ramiro o abraçou forte e embora as palavras ainda não saíssem de sua boca, as batidas de seu coração podiam ser sentidas por Kelvin. Os dois se abstiveram em ficar em silêncio, só ali, abraçadinhos por uns minutos, até a chuva passar e a última lágrima secar.

- Vamo? – O pequetito levantou-se primeiro seguido por seu marido. Deram as mãos e saíram dali sem olhar para trás. Se tivessem olhado, veriam que alguém os estava seguindo também havia buscado abrigo ali.

- Que interessante!... Quem diria! Estão casadinhos e ainda vão ter uma casa. Se vão ter uma casa é porque devem estar com grana. Sempre desconfiei que esse baixinho ladrão de noivo tinha grana. Claro, ele foi até pra o estrangeiro dar uma de artista. Tá na cara que ele tem dinheiro guardado. Que ódio! Da última vez me enganaram com aquele monte de nota falsa. Mas, agora vão ver. Parece que finalmente aquele moleque vai me servir de alguma coisa. Finalmente serei recompensada por tanto trabalho. É... Acho que tá na hora de eu ser uma boa mamãe e visitar meu querido fedelho... E cobrar a pensão que o papai dele nunca pagou.

...

Chegando ao Naitandei, todos estranharam pelo casal estar voltando tão cedo. Ainda mais ao verem o semblante triste de Ramiro. Contudo, Kelvin não deixou que os curiosos de plantão sequer abrissem a boca. Fez sinal de silêncio para todos e tratou de levar depressa seu marido para o quarto.

- Como você tá se sentindo agora, meu amor? Tá melhorzinho? – Kelvin perguntava enquanto trancava a porta e Ramiro se dirigia para a cama.

Tendo ainda o silêncio por resposta, Kelvin foi até ele e sentou-se ao seu lado. Buscando as mãos do marido que apertavam as próprias, tensionadas.

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