┌┘CINCO └┐

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Atenção: Este capítulo contém tortura psicológica e física, caso seja sensível ou tenha qualquer outra questão, pule o texto entre ***

Capítulo não revisado

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Anos antes

 
 
Abel não conseguia se lembrar em qual momento suas mãos foram parar ao redor do pescoço de Martín, mas agora tudo o que ele focava era na ação realizada. A textura macia da pele, os olhos desesperados, que aos poucos ficavam sonolentos; os espasmos violentos em uma tentativa de fuga; a pulsação tão acelerada que chegava a ser cômica.

Naquele momento era engraçado ter tanto controle sobre a vida de alguém.

Em volta deles, as outras crianças ainda gritavam palavras de incentivo; ainda achavam que se tratava de uma briga inocente entre os prodígios do primeiro ano, afinal estavam esperando por aquele embate há meses e, embora não torcessem pelo Leneu, não interferiram.

Martín, o único outro garoto de dez anos que tinha Alta Capacidade em Maikel, juntou magia nas palmas das mãos, enviando uma descarga elétrica através do corpo do agressor, mas Abel não recuou; pelo contrário, ele riu.
Um riso brilhante e de dentes trincados; que fazia os olhos azuis refletirem um prisma de emoções intensas e negativas.

O Leneu aumentou seu domínio; tirou o crânio do outro do chão e chocou-o contra o piso. Uma, duas, três vezes, porque três era seu número da sorte.
Martín ficou molenga e um resmungo geral veio do público, exclamações surpresas por conta do líquido vermelho que passou a empoçar sob a cabeça do derrotado.
 
— Tudo bem, Abel, você ganhou – disseram, todavia ele não registrou quem.

Ele pressionou o pescoço alheio com mais força, tanto que seus dedos esbranquiçaram mais, nunca deixando de mirar os olhos castanhos e redondos, que tanto lhe irritavam. O cabelo com mechas amarelas eram sinal de magia evoluída? Então onde estava o poder que Martín possuía? Para onde foram todos os feitiços que ele já sabia? Oh, sim, para fazer feitiços precisa falar e Martín não conseguia, não naquele momento.

Durante oito meses aquele garoto idiota estivera à frente. Melhor no uso da varinha, melhor em feitiços, melhor em poções, contra-poções e afeitiços; onde estava sua excelência agora? Onde estava aquela maldita simpatia? E os amigos machotes?

Nem um. Ninguém e nada. Martín estava sozinho, como ele estivera desde que chegara à Instituição de Instrução, porém, pela primeira vez era ele que estava no controle, estava acima, ele era o superior ali.

Ah, existia sim diversão na morte; Alexandre estava errado por pensar o contrário e gritaria isso na cara do irmão assim que acabasse de assistir àqueles olhos castanhos revirarem.

Pela visão periférica percebeu a movimentação de outros dois garotos, ambos vindo em sua direção e como se sua magia respondesse a um desejo inconsciente, imediatamente uma névoa densa de cor rosada passou a sair de seus poros, rodeando-os.

Ninguém sabia o que era aquilo. Não era um feitiço ou qualquer outra defesa conhecida, mas todos logo notaram que o cheiro era forte e causava sonolência.

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Fora da grande construção, sobre o gramado bem aparado, Alexandre se encontrava deitado de peito para cima, encarando fixamente uma imensa nuvem branca e aparentemente felpuda, enquanto a mente viajava pelas lembranças de sua recente primeira relação sexual. Fora intensa e surpreendentemente rápida, mas se dava certo crédito por ter aguentado mais que Haram, não que fosse grande coisa, uma vez que o Gowdin também era inexperiente e os méritos todos eram de sua mão direita, que lhe fornecera a resistência precisa, mas não importava, ele estava feliz.

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