┌┘SEIS└┐

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Sem revisão
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Antes

Abel colocou-se no meio do cômodo, girando a cabeça para dos lados a procura do garotinho sapeca. Ele deixara Petros por dois minutos enquanto fora procurar pelo pijama, mas havia sido suficiente para seu projeto de caos sumir.

Levou as mãos à cintura, soltando um suspiro exausto. A babá e Yumi tinham seu profundo respeito por lidarem com o pequenino durante todo o dia. Mas admitia que fora desatento quanto ao aviso da esposa, afinal lhe alertara sobre as chances daquilo acontecer.

"Escolha a roupa antes de banhá-lo, caso contrário terá problemas para vesti-lo." Dito e feito.

— Petros?!

Apesar do chamado, foi ignorado.

Fitou a porta do quarto de banho, mas descartou em seguida; ali não havia lugar para esconder. Varreu o espaço com a visão, e embora fosse relativamente grande para uma criança de três anos e meio, não tinha tantos lugares para um esconderijo. Apenas o baú onde os brinquedos eram guardados, mas este se encontrava aberto e sem vestígios do menino. Bem, tinha o vão entre a cama e a parede, mas era muito óbvio.

Aproximou-se do local, aproveitando para deixar sobre os lençóis o conjunto de calça e camisa azul. E quando curvou o corpo, ouviu um riso baixinho e alegre vindo do lugar apertado.

— Se eu encontrar o sapinho, vou ter que banhá-lo outra vez – disse, deixando evidente que não passava de uma brincadeira.

Entrou no campo de visão da criança, apenas para um gritinho escapar da garganta infantil. Abel estendeu as mãos até o corpo miúdo, movendo os dedos pelas laterais, enquanto risadas se espalhavam pelo cômodo.

— Por que fez isso, hein?

Quando Petros não respondeu, houve outra sequência de cócegas.

— Responda, sapinho levado!

O garotinho fitou o pai, esforçando-se para ficar sério, por fim, soltou:

— Papai bobão!

Abel até tentou ficar chocado e fingiu uma cara séria, porém acabou gargalhando alto, se deixando cair na cama junto do menininho, amassando o pijama no processo.

No corredor, Yumi caminhava graciosa em seu vestido de inverno, se recriminando por deixar o marido arrumar Petros para o jantar, sendo que todas as vezes que fazia isso, acabava ela mesmo tendo de fazer a tarefa. Então não foi nenhuma surpresa ao que abriu a porta do quarto para ver os dois aos risos.

— Outra vez?! – a voz da mulher anunciou sua chegada, fazendo a dupla masculina parar de abrupto.

— Querida – Abel a fitou e a felicidade estampada no rosto do adulto quase a fez vacilar. — A culpa do atraso foi de Petros.

— Você não quer realmente que eu acredite nisso!

— Papai lavou meu cabelo com sabão, mamãe! – o garotinho correu até a mulher, que agachou-se para pegá-lo. — Veste eu.

— Certamente, sapinho – ela sorriu para seu bebê. — Vá pegar um pijama.

Uma vez sozinhos, Yumi levou as mãos aos quadris, fixando o olhos na criatura desmiolada que seu esposo se transformava quando junto ao menor. Por vezes achava que Abel era imaturo demais para ser pai.

— Você acha que fizemos certo? – ele indagou, mirando o teto. — Hoje a noite vai ser de tempestade.

Não fazia muito tempo que decidiram tirar o filho do quarto que dividiam, embora fosse um cômodo anexado, aquela seria a prova de fogo, já que o menino tinha pavor de trovões.

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