┌┘TRÊS└┐

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Nota da autora: capítulo sem revisão! Conterá erros!

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Abel sentia o coração ser espremido entre mãos gélidas enquanto assistia, impotente, sua caçula ser examinada pelo médico da família. E para piorar seu nervosismo, o profissional nada falava desde que iniciara o processo de exame.

— O que aconteceu? – o velhote de cabelos castanhos e rebeldes testou erguer o braço direito da bebê e esta chorou alto e desesperada.

— Ela rolou de cima do sofá– Yumi explicou, enterrando mais os dedos nos braços do marido, a quem estava abraçada. — me afastei menos que um minuto, não entendo!

O Leneu pressionou a esposa contra o corpo em uma tentativa de apaziguar a preocupação dela, mas lógico que não deu certo, pois culpa também entupia as artérias da mulher.

Peter, o médico, concluiu o serviço e mexeu nos óculos; uma mania antiga que não se dava conta que tinha. Fitou os pais da criança, ambos apreensivos. Conhecia Abel desde que o homem era um bebê, fora amigo de Vanda, por isso estava temeroso em presumir mais do que deveria.

— Ela não tem algo grave – começou, usando apenas o tom profissional e imparcial. — mas tenho a impressão de que a clavícula trincou. Vou prescrever remédios para dor e uma solução de ervas para massagem, porém tenham cuidado ao aplicarem. Não movimentem muito os braços dela, pode agravar o problema e causará dor. 

— Tudo bem – Yumi respirou aliviada, indo sentar sobre o colchão; onde a filha estava.

O velho foi até a maleta posta em cima da poltrona do quarto do casal e de dentro tirou um caderno pequeno e baixo pela retirada de folhas. Escreveu alguns pares de palavras e antes que pudesse entregar a receita ao homem, prensou os lábios em um lamento mudo.

Na cama, Abel e Yumi cercavam Katherine de carinho e cuidado, fazendo-o pesar ainda mais a decisão profissional que era sua obrigação tomar. Custava-lhe acreditar que aquela família era semelhante às outras.

Era comum casais testarem a existência de magia nos filhos. Podia ser de um jeito inofensivo, como a velocidade de seus reflexos, mas geralmente era aplicando magia diretamente contra a pele da criança, o que poderia causar lesões e/ou ferimentos. Isso era crime naquele continente. Por isso havia um sistema de investigação e uma série de regras a serem seguidas, afim de evitar morte precoce e o abandono de bebês; coisa que era frequente com crianças sem magia.

Crianças até doze anos, idade que normalmente se inicia a transição, eram obrigatoriamente atendidas por um médico Natural, caso os pais apresentassem alguma recusa ou hesitação, a família entrava para o registro de possível risco e era ali que entrava seu, até então único, conflito entre obrigação e afetividade.

Todo médico deveria informar à Assistência Familiar a possibilidade de risco que uma criança estivesse passando ou algum detalhe que lhe parecesse suspeito, assim as devidas providências seriam tomadas.

O detalhe em questão ali; era a sua  frequente visita ao casarão porque Katherine havia sofrido um acidente ou algo dessa natureza. Era sua sétima estada para atender a bebê em seis meses, mais do que a idade da garota, isso era suspeito e preocupante.

Afastou o pensamento e entregou a receita a Abel.

— Vou mandar comprar tudo ainda hoje – o pai disse depois de ler o papel.

— Certo. Tomem cuidado com Katherine.

As sobrancelhas escuras do Sobrenatural se uniram enquanto os lábios se esticavam em um sorriso fechado, formando um semblante duvidoso.

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