┌┘DOIS└┐

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Nota da autora: capítulo sem revisão! Conterá erros!

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Petros não entendia muito sobre a vida, sobre a própria existência e entendia menos ainda sobre sentimentos, ou reconhecia suas emoções.

Sabia que medo era aquilo que vinha depois de um sonho ruim e quando acontecia tempestades com fortes trovões e relâmpagos. Também reconhecia a alegria de quando comia mel ou quando conseguia ler uma frase inteira sem gaguejar.

No auge de seus cinco anos, o garotinho também já tinha uma forte noção do que era errado: mentir, fazer birra, atirar coisas na mãe ou na babá eram algumas delas, coisas essas que faziam o semblante risonho do pai ficar diferente do normal.

Porém, ele não entendia e isso lhe gerava uma série de outros sentimentos novos talvez nunca sentidos antes.

Não havia feito nada do que era proibido fazer, então por que Abel lhe fitara daquele jeito? Por que interromper a divertida caçada? Por que lhe sacudir do jeito que fizera?

Ele apenas acabara com o sofrimento do pobre animalzinho.

Petros, dentro da banheira de água fria, sem perceber apertava as mãos em punho. Os olhos vítreos e sem brilho, fixos na parede pintada de verde escuro bem a sua frente. O ímpeto de jogar algo ali aumentava a cada instante.

Logo após seu pai dizer o que havia feito, Yumi lhe levou até o banheiro para que pudesse se lavar. Aos prantos, contou sua versão dos fatos, porém, a mãe ficou em silêncio e continuou a lhe despir de forma lenta e automática; parecia mais uma boneca de cera.
Quando acabou, ela lhe beijou o topo da cabeça sobre os fios enegrecidos de seu cabelo.

Agora, ali estava ele, limpo de todo o sangue que lhe espirrara no tórax e rosto, um gosto ruim na boca, fitando a parede do quarto de banho.

Também sentia aquela emoção quente percorrer seu corpo; era a mesma de quando seu pai não lhe deixava brincar com Katherine ou quando não estava com sono, mas era obrigado a dormir: Raiva.

Piscou surpreso quando uma rachadura surgiu na parede, bem na altura de seus olhos. Ele sabia sobre magia e como tinha um montão dentro dele, mas era sempre divertido quando as coisas dobravam à sua vontade.

Para um teste, desejou que o risco torto ficasse maior e a rachadura cresceu dez centímetros. Petros sorriu, foi o primeiro sorriso desde as pedradas nos coelhos, duas horas antes.

Subiu os olhos até o topo da parede e a avaria correu com velocidade até lá. Encarou o espelho, que não lhe refletia por falta de ângulo, e este trincou.

Era divertido.

Um frasco de vidro, onde uma essência de lírios era guardada, também quebrou; deixando fugir todo o líquido e junto dele o cheiro enjoativo que o desagradava.

Começou a se erguer para sair dali, não ficaria dividindo o espaço com aquele aroma.

Três batidas na porta o alarmaram, fazendo-o alargar os olhos amendoados, e como se sua magia respondesse ao seu medo de ser pego, as rachaduras foram se fechando automaticamente, mesmo que tal pensamento não tivesse passado pela mente da criança.

O rosto pálido de Yumi se mostrou no vão da porta recém aberta.

— Mamãe estou com fome – ele disse, enquanto colocava uma das pernas para fora da banheira.

A mulher, temendo uma queda, correu em sua direção, logo envolvendo o corpo pequeno em um tecido.

— Já falei para ter cuidado, Petros! – advertiu ela, ganhando um sorriso travesso do garotinho.

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