Tá Chovendo Caixas.

282 45 56
                                    

                Tá Chovendo Caixas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

                Tá Chovendo Caixas.                             
                           ✦✦✦✦
   
    Na vida, todos têm desejos. Ser rico? Ter uma família feliz? Um relacionamento de sucesso? Ganhar na loteria? Se tornar famoso? Conhecer seu maior ídolo? Ter bastante dinheiro? Quem sabe encontrar alguns milhões caídos na calçada? Infelizmente, com a nova era do famoso PIX, não era possível encontrar nem centavinhos pela rua.
   
     Por mais que houvesse desejos ótimos, se existisse uma lâmpada e eu pudesse esfregá-la para pedir algo, seria poder dizer: “Tem pão velho aqui, não!” para Valentim e sua cara risonha irritante, logo após, bateria o portão com toda a minha força — não só pela cena em si, mas com o grande intuito de quebrar o nariz dele.

— Oi. — Respondi, dando um meio sorriso que indicava tudo, menos felicidade em vê-lo — Não me lembro de termos marcado esse horário.

     Ele demorou alguns segundos para me olhar nos olhos. Aquilo era uma atitude comum e nojenta na maioria dos homens, mesmo se a garota nem estivesse de decote, mas eu tinha certeza de que ele estava encarando a cara do Amado Batista, na minha barriga. Seus olhos também pousaram nos meus pés. A cara da Elsa, bordada em uma das meias, estava bem em cima do meu dedão, deformando um pouco o rosto da coitada.

— É… — Ele começou, ainda com os olhos no meu look confort. Ele estava rindo.

— Sabe, geralmente as pessoas conversam olhando nos olhos umas das outras. — Falei, cruzando meus braços em uma tentativa falha de cobrir a estampa da camiseta, e pigarreando.

— Foi mal. — Valentim falou, esfregando a ponta do seu nariz, obviamente tentando focar. Ele finalmente estava me encarando, estreitando seus olhos e comprimindo seus lábios. Por mais que tivesse sido um “pedido” meu, minha mente travou — É impossível conversar com alguém quando há um Amado Batista me encarando.

— É só uma camiseta. — Murmurei, olhando para cima. Me senti uma completa imbecil por estar tentando fugir dos seus olhos castanhos e mais ainda por ter o deixado me pegar naquele estado.

— Uma camiseta que combina perfeitamente com você. Já pensou em ir pro colégio assim? — Ele continuou, dando uma última averiguada, o que me fez querer acabar com minha própria vida.

— Já, afinal o que é uma roupa feia comparada ao rosto terrível de alguns? — Continuei, procurando um espaço para encerrar o assunto sobre meus velhos trapos de ficar em casa — Veio aqui só pra falar da minha roupa? Deveria tentar entrar pro Esquadrão da Moda.

     Ele abriu um sorriso largo — que mostrava o finalzinho de seus dentes e eu me repreendi por ter achado aquilo uma gracinha — e balançou sua cabeça em um sinal negativo, provavelmente ele nem sabia o que era aquilo.

— Isso é alguma série? — Perguntou.

— Não. Enfim, não marcamos esse horário. — Continuei, inquieta com meus pés de Frozen e torcendo para que ele fosse embora logo.

Amizade Entre Opostos.Onde histórias criam vida. Descubra agora