A vida de Briana foi virando de cabeça para baixo aos poucos, e não havia nada que ela pudesse fazer para evitar.
Desde terríveis conflitos internos na família, até desentendimentos com seu (ex)grupo musical. E para complementar toda a salada...
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Briana, a Atriz. ✦✦✦✦
Em algum tempo da minha vida, enquanto assistia programas de televisão ou vídeos na internet, e via pessoas chorando, ficando dias em filas e viajando até o outro lado do mundo apenas para conhecer, chegar perto ou ao menos respirar o mesmo ar de alguma celebridade, não evitava pensar o quão tosca aquela gente era. “Tanto amor jogado fora. Sendo desperdiçado com alguém que nem sabe da sua existência e muito provavelmente te enxerga apenas como um desconhecido apaixonado por ele.”
Porém, como todo mundo um dia muda de opinião drasticamente, me aconteceu o mesmo. Depois de escutar de uma antiga professora sobre eu não poder fazer o trabalho do dia dos pais porque não tinha pais de verdade, optei por me trancar em uma das cabines do banheiro da escola. Por mais que quisesse desabafar com Antonella e Fernando, eles não entenderiam totalmente. Na verdade, não entenderiam nada. Afinal, aquele comentário era só mais um dos vários que eu já havia escutado.
Enquanto rolava pelo meu celular, tentando me distrair imediatamente, acabei me deparando com um corte final do show de uma banda desconhecida, chamada 4Trevos. Era dia 25 de maio, dia nacional da adoção. E Vagner, chorando no centro do palco, contou sua história. Maior parte das pessoas preferem adotar crianças com até seis anos de idade. Ele teve sorte e foi adotado com 13 depois de tantos pensamentos ruins ao achar que também seria rejeitado pela segunda vez, já que a primeira rejeição foi com seus pais biológicos. Com sua palestra incrível, ele mencionou que mesmo sendo adotado, os comentários ruins sempre iriam aparecer, vindos de pessoas ignorantes ou somente maldosas. Mas ele sabia de uma verdade, a adoção era um ato de amor que superava até mesmo a conexão física. Empatia automática foi gerada. Me vi em seus sentimentos. E por causa daquela tamanha admiração, comecei o acompanhar. Acompanhar o 4Trevos. Colecionar posters, revistas, acessórios. O 4Trevos tinham se tornado para mim grandes amigos, por mais que eu fosse somente uma das centenas de fãs. Vagner tinha minha admiração e agradecimento por me fazer não me sentir sozinha naquela situação. Ele me entendia e sem saber, dava os melhores conselhos. Até sair da banda e desaparecer sem deixar rastros.
Erick havia dado apenas uma certeza: ele tentaria. Mas só de imaginar Vagner a minha frente escutando tudo que eu tinha para dizer e agradecer, me deixava eletrizante. Ansiosa. Me fazia fantasiar e sentir leve ardência nos olhos por causa da tamanha emoção. Com o coração acelerado, questões começaram a surgir. Ele me abraçaria como o guitarrista mascarado que ficou no seu lugar? Só de começar a viajar e montar toda aquela cena na minha cabeça, soltei um breve gritinho.
— Que ótimo negócio. — Falei, orgulhosa de mim mesma, mesmo que tivesse sido um pouco nojento (pro sapo e para mim que vi toda a cena). Afinal, se o seu “tentar” falhasse, ele teria simplesmente ganhado um beijo meu. Se conseguisse, todos (menos o sapo) sairiam ganhando. Eu teria meu tão sonhado encontro com Vagner e ele continuaria achando que nos beijamos.
