Os Opostos Se Atraem?

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               Os Opostos Se Atraem?                           ✦✦✦✦

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               Os Opostos Se Atraem?
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  Quando entramos no ônibus percebi que aquele sentimento completamente sem motivo e exageradamente impertinente poderia estar queimando aos poucos as minhas funções cognitivas. Antes de subirmos no veículo, além do excesso de informações que minha cabeça tentava controlar — o show de talentos, a presença do 4Trevos confirmada na escola, saber que estaria pertinho outra vez do novo guitarrista, estar indo encontrar com Vagner naquele instante — parecia que a que mais ocupava espaço era a imagem de Vitória, a linda garota ruiva, beijando o rosto de Valentim.

    Bufei forte e olhei para o meu lado esquerdo, tendo a vista completa da paisagem que parecia correr na direção oposta, do outro lado da janela.
     
    Valentim, sentado no assento ao meu lado, apoiava sua cabeça para trás e mantinha seus olhos fechados, deixando em evidência seu pomo-de-adão bem marcado. Ele não tinha cortado seu cabelo recentemente, deixando os fios quase chegarem ao topo dos seus ombros. Tendo meus olhos tão próximos dele, observei cada detalhe dele. Seus óculos, pousados no centro do seu dorso, disfarçavam o ossinho saliente que havia no seu nariz, não o deixando completamente reto. Aquele pequeno detalhe o deixava ainda mais charmoso. Nossa, como ele era bonito. Parecia ter acabado de sair de um Webtoon Colegial. Poderia ficar olhando para ele o dia todo.

   Apertei meus lábios, sentindo algo gelado passear pela minha espinha. Fazia um tempo que associar coisas era meu passatempo favorito, ainda mais quando eram relacionadas ao Guitarrista Mascarado. Afinal, era difícil esquecer de sua existência. A cada 5 vídeos em redes sociais, 4 eram edit’s dele — ou é apenas o algoritmo jogando na minha cara vídeos que eu realmente desejo ver e consumo boa parte do meu dia. Porém, observando o perfil perfeito de Valentim, senti certa dificuldade para respirar. Se o mascarado, com sua personalidade incrível, tivesse aquela aparência, como “sua garota” o odiava e rejeitava?

— O que foi? — perguntou Valentim calmamente, ainda com seus olhos fechados.

   Escutar sua voz, enquanto o comia com os olhos, me fez ter a sensação de estar petrificada. Parecia que eu era uma criança que pegou e começou a comer o leite condensado escondido, mas a mãe acabou a pegando no pulo.

— H-hã? — respondi. Foi uma surpresa saber que ele estava acordado. Tentei me acalmar, pensando que ao menos ele não estava vendo o meu rosto esquentar, nem tinha pego minha expressão culposa, o pontilhando com o olhar, como se ele fosse uma presa e eu um predador faminto.

— Consigo sentir que você tá olhando pra mim. O que foi? — Contei com o ovo dentro da galinha. Pensei que ele não fosse abrir os olhos, então não me dei ao trabalho de tentar formular uma expressão. Eu estava com os olhos esbugalhados e a boca semi-aberta, e ele viu, já que abriu seus olhos e olhou de cantinho para mim, sem mexer sua cabeça.

   Parecia ter perdido a fala. Nada saía, por mais que me esforçasse. Queria o ignorar, mas ele ainda estava me olhando, provavelmente esperando uma resposta. E se essa resposta não chegasse, ele pensaria o pior. Que eu estava o admirando, observando sua beleza. O que eu claramente NÃO estava fazendo.

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