Choro e Invasão de Camarim.

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         Choro e Invasão de Camarim

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         Choro e Invasão de Camarim.
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   A professora Karen fritava os meus miolos e os comia com farofa! Sem falar que ela usava um pano branco por dentro da camiseta florida e brega, para evitar que meus sagrados miolinhos não manchassem sua roupa, enquanto dizia: “Quem mandou você não fechar o bico quando pedi?! Garotinha desagradável e sem futuro! Você provavelmente é um total desgosto para os seus pais. Aliás, se der para chamá-los de pais!

     Pensava que aquele sonho tinha sido uma das piores coisas do mundo. Nunca mais olhei a professora Karen, de matemática, com os mesmos olhos. E olha que os “olhos de antes” que eu a olhava, já eram péssimos. Mas algo tinha ultrapassado aquele sentimento. Algo ainda pior. 

   Vê-los.

  Me forcei a engolir várias e várias vezes, me esquivando de inúmeras pessoas que pulavam e balançavam seus corpos, ao som do 4Trevos. Eles eram a minha banda favorita, mas tudo estava um desastre e a última coisa que eu conseguia era realmente aproveitar o show dos caras que eu mais amava. Estava com o ingresso a vários meses, contando os dias para que Antonella, Fernando e eu pudéssemos curtir o som juntos. Até camisetas nós tínhamos mandado fazer! Mas observá-los de longe apertou meu coração de uma forma que eu não conseguiria explicar.

   No sábado, então, foi tudo ainda pior. No dia-a-dia, sempre me pegava pensando: “Nossa, se algum dia, alguém me tratar assim, eu nunca mais vou falar nem chegar perto dessa pessoa!”, igual quando reconhecia algum relacionamento tóxico e me perguntava a todo instante o motivo daquelas pessoas continuarem juntas. Mas acabei me contradizendo.

    Pegava o celular de cinco em cinco segundos, ia no contato deles para checar se as fotos ainda estavam lá. Soltavam sempre um suspiro aliviante e vergonhoso por não ter sido bloqueada. Por mais que os únicos que deveriam estar bloqueados eram eles, do meu telefone. Contudo, eu torcia para que eles puxassem algum assunto e se desculpassem logo, para que tudo voltasse ao normal, como antes de sexta. Antes que eu me deparasse com aquelas mensagens que me tiraram soluços dolorosos e lágrimas que pareciam queimar as minhas bochechas.

     Olhá-los de longe, no meio da multidão, doeu. Doeu muito. Eles eram importantes para mim, assim como o F.A.B também era. No sábado à noite, um dia antes do show, troquei um papo marcante com Vagner, o ex-integrante do 4Trevos — por sinal, meu muito mais que preferido integrante. O que eu era totalmente fanática, maluca, quase psicótica. Deus no céu e Vagner na terra —. Foi um choque para mim quando a conta oficial da banda anunciou sua saída. Durante nossa conversa, — sim, uma conversa seríssima entre mim e o poster colado na parede — o imaginei dizendo coisas doces e aconchegantes, que era o que ele sempre fazia.

    Mas ele estava errado. Nas suas falas imaginárias, ele me dizia para ficar tranquila. Anos de amizade. Estávamos a meses torcendo para que aquele espetáculo acontecesse logo. Era óbvio que Antonella e Fernando iriam me mandar alguma coisa. Tão claro como a luz do dia. Eles provavelmente estavam envergonhados por terem agido como dois babacas e estavam esperando a hora certa para apresentarem seus verdadeiros pedidos de desculpa.

Amizade Entre Opostos.Onde histórias criam vida. Descubra agora