Por Detrás da Casca.

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               Por Detrás da Casca

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               Por Detrás da Casca.
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       Todos possuem algum passado obscuro, que desejam deixar extremamente escondido debaixo do tapete. E nem estou falando sobre participações em máfias, esquema de sequestro ou roubo de bancos. Falo sobre coisas muito mais horripilantes e decepcionantes, como por exemplo: Web namorar no Habbo Hotel, procurar na internet o número de telefone da Larissa Manoela, se arrepender de olhar o histórico do Google no celular de algum familiar e acabar saindo traumatizado ou ler/escrever fanfics duvidosas — A Menina Marreta que sai de casa e encontra ninguém mais, ninguém menos que Vinnie Hacker na esquina comendo torresmo. E nesse nicho de coisas tenebrosas, infelizmente, me enquadro em um: Me aprofundar em histórias bizarras com famosos e até ousar a escrever. Como um passatempo — pode ser visto também como Lei da Atração — escrevia coisas estranhas, torcendo para que um dia elas acontecessem comigo. Mas nem nas minhas ideias mais viajadas, tortas e malucas, poderia imaginar algo daquele tipo. Um meteoro cair na terra era mais provável do que estar no colo de Valentim, escutando nossos colegas esgoelarem: “Ele gosta!”, “Vai dar namoro!”, “Tão namorando! Tão namorando!”, “Uiiiiii!”, “Que isso, meu filho? Calma!”, “É o amooor! Que mexe com a minha cabeça e me deixa assiiim!”  

— M-mas…! — Escutei Erick dizer. Mesmo com os olhos fechados, consegui imaginar sua expressão indignada.

     Apertei ainda mais meus olhos com toda a força que conseguia, como se espremesse laranjas para fazer suco. Não iria abri-los nunca mais na minha vida. Já até estava pensando em providenciar uma guia e um cachorro amigo para me ajudar a seguir minha nova vida como falsa deficiente visual. Desde o tropeço quando saí da cama até a batida de cabeça na porta do quarto, já devia ter pegado os sinais de que aquele era um dia definitivo para não tirar os pés de casa.

    Todos estavam olhando para nós, e eu não precisava da visão para ter absoluta certeza disso. Os gritos entravam nos meus ouvidos e me faziam querer entrar em processo de ebulição e acabar virando nada mais que vapor. Todos sabem como até os professores são chatos quando veem dois alunos do sexo oposto meramente interagindo. Nunca mais nos deixariam em paz. Fulaninhos contariam para ciclaninhos de outras salas. Chegaria no ouvido do Fábio, o professor de Sociologia que faltou trazer um cartaz com montagens românticas da Anna Júlia e do Ryan, apenas porque Anna o acertou com um chute nas costelas. Detenção? Bronca? Advertência? Não, indícios do amor. Na verdade, ela ganhou todas as três primeiras opções, e quando voltou o shippe Rynna estava maior ainda.

— O que tá fazendo? — Sussurrei para Valentim, ainda com os olhos fechados. Se levantasse minhas pálpebras, todas aquelas pessoas rindo, zombando de nós e batendo palmas ficariam na minha memória até o meu aniversário de 56 anos.

     Pensei que por causa da gritaria, não tinha ouvido o que Valentim havia dito. Mas, não. Ele só não me respondeu. Em um curto tempo, foi como retirar fones de ouvido. De repente, já não ouvia mais nenhum grito. Nenhum sinal de que alguém tinha levado um tiro, como antes.

Amizade Entre Opostos.Onde histórias criam vida. Descubra agora