A vida de Briana foi virando de cabeça para baixo aos poucos, e não havia nada que ela pudesse fazer para evitar.
Desde terríveis conflitos internos na família, até desentendimentos com seu (ex)grupo musical. E para complementar toda a salada...
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Dona Flor E Seus Dois Maridos. ✦✦✦✦
Não sabia o que mais me causava estranheza: a forma como Valentim tinha mudado da água pro vinho, a sua desculpa de que havia achado que a mensagem do mascarado era uma mensagem do diretor dizendo que o tempo para finalizar as atividades tinha terminado ou a maneira como andávamos lado a lado, como se aquele breve surto em seu quarto não tivesse passado de um delírio coletivo.
Poderia não ter sido abençoada com muita inteligência, nem tinha decorado a tabuada ainda, mas não era tão burra assim para cair naquela desculpinha. Tudo aquilo por uma simples mensagem do diretor? O mascarado não tinha ícone de perfil para que ao menos ele tivesse confundido a paleta de cores. A foto do diretor, além de cobrir totalmente o círculo da imagem com a sua face, cortava metade da sua testa de parabrisa. Como ele poderia ter se “confundido”?
Já estávamos quase na metade do caminho para chegar na minha casa. Não tínhamos trocado nenhuma palavra desde que terminei de contar sobre meu amigo virtual. Quer dizer, nada além das atividades tolas, números e expressões matemáticas. Mais uma prova de que algo ainda estava acontecendo.
— Não acredita em mim, não é? — E eu não podia culpá-lo. Era como dizer para uma criança que a Minnie gigante no seu aniversário não é de fato o personagem real e sim um homem careca e fumante chamado Vladmir.
Ele ergueu sua visão que estava em seus sapatos. Tinha algo de errado com ele, e qualquer pessoa, por mais incapacidades mentais que tivesse, conseguiria perceber.
Será que havia um buraco na parede ou na porta que o permitiu ter visão de tudo que eu estava fazendo escondido? Valentim sabia que eu tinha mexido nas coisas dele e estava procurando um jeito de pedir de volta a fotografia que roubei sem me deixar constrangida? Era a hora de começar a chorar e pedir desculpas?
Pela sua expressão vaga, ele nem tinha me escutado. Como eu queria saber o que estava passando dentro da sua cabeça naquele momento.
— Sobre o mascarado. Eu estou falando com ele, sei disso. — Continuei o analisando cada vez mais. Seu corpo estava ali, comigo, mas sua mente, não. Parecia estar cada vez mais longe.
— Você não acha que se entrega demais às pessoas? — disparou. Ao manter contato visual comigo, respirou fundo. Mas ao menos teve pena de mim e fechou seus olhos para que eu não os visse rolando para cima. — Ainda mais para pessoas que você nem conhece?
— Eu o conheço. Ele não é como seu irmão ou Antonella, nem a Vagner. Ele é… diferente de tudo que já vi. — Senti um breve mal estar, provavelmente por saber que, no fundo, Valentim estava certo.
— O Vagner também se enquadrava em diferente de tudo que você já tinha visto, e olha só, ele acabou sendo completamente diferente do que você imaginou. Te decepcionou. E se esse novo cara não for a pessoa que você tanto espera? — Valentim segurou meu ombro, me fazendo parar de andar e olhar para ele. — E se ele te decepcionar também?
