A vida de Briana foi virando de cabeça para baixo aos poucos, e não havia nada que ela pudesse fazer para evitar.
Desde terríveis conflitos internos na família, até desentendimentos com seu (ex)grupo musical. E para complementar toda a salada...
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Explosão de Sentimentos. ✦✦✦✦
Existiam muitas coisas vergonhosas no mundo. E eu comecei a pensar nisso assim que minha situação saiu do nível vergonhosa para hiper vergonhosa. Mas para amenizar meu sentimento, apenas imaginei que pessoas já tinham passado por aquilo ou até mesmo por acontecimentos ainda mais constrangedores. Como por exemplo, descobrir que não sabe cantar apenas depois do seu vídeo cantando viralizar e as pessoas te avisarem nos comentários. Virar fundo de memes na internet sem ter a intenção. Fazer o número 2 na escola, os alunos notarem seu desaparecimento e todos perceberem o que você foi fazer. O Arthur Aguiar cantando Fora da Casinha ao vivo.
Seguimos andando lado a lado. Após ouvir minha pergunta — que era para ter sido só um pensamento, mas voou alto demais —, Valentim sorriu e cruzou os seus braços. Sabendo o que estava por vir, ansiava trocar de lugar com a sacola plástica que voava sem rumo do outro lado da calçada. Ela resolveria essa tensão horrível para mim, e eu, como uma simples sacola plástica com o logo de algum supermercado, não iria entupir nenhuma fossa, nem ir para o mar, muito menos matar algum animalzinho engasgado. Me parecia uma troca muito justa.
— Não… — saiu quase como um sussurro incrédulo. — Você não tá com…
— Não! Eu não tô com ciúmes! — exclamei fechando meus punhos ao lado do meu corpo, não sei se por raiva de Valentim ou de mim mesma.
Algumas pessoas mantiveram seus olhares em nós, e algumas até riram disfarçadamente. Igual aqueles apostadores profissionais, eu havia uma aposta que tinha 98% de chance de acertar: Minhas maçãs do rosto estavam quentes.
Mas não bastava apenas exclamar coisas. “Não fiz isso!”, “Não fui eu!”, “Eu não estava lá!”, e era exatamente para isso que serviam os advogados. Ficar apertando na mesma tecla, igual a um CD arranhado, não iria me levar para frente. Nem para trás. Apenas ainda mais para o fundo do poço. Mas era a mais pura verdade, por mais que fosse difícil de acreditar. Eu não estava com ciúmes. Muito menos de Valentim!
— Eu só perguntei porque… — Vai, pensa em algo! Pensa! — porque sou curiosa. Ela é bonita e vários garotos gostariam de ter tido a sorte que você teve.
— Então era por isso que você estava com uma cara tão amarga no ônibus — continuou, pouco se importando com a minha explicação. Como se tivesse descoberto todos os segredos do universo. — Pensei que fosse neura da minha cabeça, mas jurei que você ia bater com o caderno na cabeça dela.
— Eu não tô com ciúmes, já falei! — persisti. Eu tinha o poder da minha palavra, e se ele não tivesse provas, seria a minha contra a dele até o fim.
— Tá bom. Tudo bem. Você não está com ciúmes — disse, pelo visto, abandonando seu barquinho e tirando o pobre cavalo da chuva.
— Finalmente! Obrigada — resmunguei, me sentindo grandemente aliviada.
