Rebecca
Quando eu acordei naquela manhã, estava tudo muito quieto. Era uma da tarde, como eu passei tanto tempo dormindo? Talvez fosse porque não havia ninguém em casa para me acordar.
- Mãe? - minha voz ecoou escada abaixo, mas ninguém respondeu. Meu celular tocou. - Alô?
- Rebecca, não se esqueça de levar Dash para passear. - eu fiz uma careta, esfregando minha cabeça, tirando o edredom branco de cima de mim.
- Onde estão todos vocês? - eu estava absolutamente desorientada.
- No porto, almoçando. - eu separei meus lábios porque eles nem pensaram em mim para isso.
- E não te ocorreu me acordar para ir também!? PARA OUTRAS COISAS SIM VOCÊ ME ACORDA, MAS NÃO PARA ISSO. - eu gritei com raiva, pois eu já estava farta de tudo.
- Rebecca, eu não vou discutir no telefone. - e ela desligou na minha cara.
As horas se passaram, eu não almocei. Eu não tinha vontade de fazer nada, apenas de sair de casa para sempre. Eu preferia não existir do que ser tratada assim, porque eu estava farta de me sentir assim desde que nasci.
Eram oito da noite quando eles voltaram, eu havia passado o dia sozinha, assistindo televisão. Freen estava na casa dos tios para o almoço em família, assim como meus pais. Virei minha cabeça para olhar para eles, minha mandíbula cerrada de raiva absoluta, e então voltei a assistir TV.
- Oi Rebecca. - meu pai disse passando a mão pela minha cabeça e eu imediatamente me afastei.
- Muda essa merda. - eu não mudei de canal, mas meu irmão se sentou ao meu lado. - Rebecca, muda de canal.
- Eu não vou mudar, você não vai tirar algo que eu estava vendo. - eu disse, aumentando o volume da televisão, e mesmo assim ele pegou a minha mão que tinha o controle remoto.
- Deus, pare de ser amarga todo dia e me dê a porra do controle. ele me puxou e eu me levantei totalmente com raiva.
- AMARGA!? AMARGA!? - eu gritei olhando para ele, minha respiração totalmente agitada. - VOCÊ SABE O QUE É VIVER NO MEU LUGAR? VOCÊS SAÍRAM SEM MIM DE NOVO. VOCÊS GRITAM COMIGO TODOS OS DIAS, TODOS OS MALDITOS DIAS DA MINHA VIDA. VOCÊS ME CHAMAM DE DESOCUPADA, DIZEM QUE NÃO VOU OBTER NADA NA MINHA VIDA, QUE VIVO DE ILUSÕES, QUE SOU UMA MERDA, QUE SOU A VERGONHA DA FAMÍLIA. - minha voz começou a falhar, mas eu continuei gritando olhando para meus pais. - QUANDO EU FIQUEI DOENTE, NINGUÉM ACREDITOU EM MIM, QUANDO MEUS IRMÃOS FICAM DOENTES VOCÊS LEVAM ELES AO HOSPITAL COM UM SIMPLES ESPIRRO. - eu dei um chute forte no armário da sala, meu pai se aproximou de mim, mas eu o empurrei para que ele não me tocasse. - Vocês dão celulares novos para eles, computadores e a mim um lenço e um perfume. Um dia desses foi o meu aniversário e NINGUÉM me deu os parabéns. Ninguém nesta porra de casa percebeu que eu estava fazendo 19 anos. Ninguém. - eu disse começando a chorar, cerrando os punhos. - Vocês me deixaram sozinha na véspera de Natal, me deixaram sozinha no Natal. Vocês dizem que eu não valho nada, e eu tenho que engolir tudo isso. EU ESTOU FARTA, FARTA DE MORAR NESTA PORRA DE CASA, FARTA DE ME SENTIR UMA MALDITA MERDA, E ODEIO OS MEUS IRMÃOS, EU OS ODEIO. - aquelas palavras devem ter sido muito fortes, mas naquele momento eu me sentia assim. - Eu não sou a filha de vocês, sou apenas uma camisinha estourada. - eu passei entre meus pais para sair de casa e empurrei a mesa na sala cheia de raiva e impotência, saindo de casa.
Peguei a moto do meu irmão ouvindo seus gritos da porta.
- Ei, DEIXA A MINHA MOTO, REBECCA, PARE A PORRA DA MINHA MOTO. - mas eu acabei de saindo de lá.
{-}
A casa do guarda-florestal ficava no meio da floresta, longe de tudo. Havia uma lareira, um sofá e nada mais. O fogo crepitava, iluminando a sala de pedra em um tom laranja quente, enquanto lá fora começava a nevar lentamente, os flocos caindo nas folhas, galhos, terra, musgo e em Vancouver no geral.
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🇨🇴🇱🇩
Fanfiction𝙵𝚛𝚎𝚎𝚗 é 𝚘 𝚛𝚎𝚏ú𝚐𝚒𝚘 𝚍𝚎 𝚁𝚎𝚋𝚎𝚌𝚌𝚊. 𝚁𝚎𝚋𝚎𝚌𝚌𝚊 𝚜ã𝚘 𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜 𝚍𝚎 𝙵𝚛𝚎𝚎𝚗. 𝙼𝚊𝚜 𝚊 𝚍𝚎𝚙𝚛𝚎𝚜𝚜ã𝚘 𝚗ã𝚘 𝚙𝚘𝚍𝚎 𝚜𝚊𝚕𝚟𝚊𝚛 𝚘 𝚊𝚖𝚘𝚛. 𝐀𝐝𝐚𝐩𝐭𝐚çã𝐨