capítulo 37

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Rebecca

- Shh... Mike, não. - ouvi a voz da minha mãe do outro lado da porta. Eles pensaram que ela estava dormindo. O que era isso?

- O que está acontecendo?

- Ela está dormindo. - eu permaneci em pé na frente da porta.

- E daí? Tenho que derrubar meia parede. - meu pai não se importava que eu estivesse dormindo, faria aquele barulho do mesmo jeito. Achavam que eu dormia porque não reclamava, mas a realidade era que eu ficava na cama com os olhos abertos como uma coruja. O estranho era... minha mãe preocupada comigo dormindo?

- Não, Mike. Agora que ela está dormindo, podemos esconder o dinheiro do primeiro mês. - eles estavam tentando esconder meu próprio dinheiro caso eu o pegasse? Isso já foi a gota d'água.

- É verdade... - ouvi os passos de meu pai na porta. - Onde podemos esconder?

- Eu tinha pensado por trás dos móveis do nosso quarto. Preso em um envelope. Caso ela procure, o que eu acho que não, ela não vai olhar lá. - meus pés permaneceram estáticos com as minhas mãos, sem fazer barulho. Meu coração batia a mil por hora, rezando para que não abrissem a porta.

- Sim, é verdade.

Quando os passos desapareceram, corri para a cama, deitando-me ainda com as calças do uniforme. Aqueles bastardos.

{-}

Foram comprar alguns materiais que meu pai precisava para continuar fazendo o trabalho, quinze minutos depois me certificando que tinham saído, coloquei todas as minhas roupas na mochila, meu celular, meu mp3, os cadernos e carvões e na mão eu tinha a caixa de óleo. Fui até o quarto dos meus pais e afastei os móveis na frente da cama deles, havia um envelope pardo. Abri, tinha todo o MEU dinheiro.

Desci correndo as escadas contando as notas, algo que poderia ter me custado a vida, até que esbarrei em alguma coisa. Era meu pai. Olhei para cima e, naquele momento, senti uma vontade enorme de vomitar. Senti algo apertar na boca do estômago e minhas pernas eram apenas paus sustentando meu peso morto.

- O que está fazendo, Rebecca? - seu olhar era tão frio, tão duro, tão cruel, que mesmo morrendo de medo, tive que responder.

- O dinheiro é meu. - eu respondi com raiva, mas ele agarrou
meu pulso, apertando-o com tanta força que senti minha mão inchar depois de alguns segundos quando minha circulação foi cortada.

- Isso. - ele arrancou o envelope da minha mão. - É meu. - ele colocou no bolso do paletó, mas não parou de apertar minha mão.

- Eu trabalhei para ganhar, é meu! - eu gritei me remexendo, mas ele não se mexeu, continuou apertando minha mão que estava completamente vermelha.

- Trabalhei toda a minha vida para te alimentar, te dar roupas e um teto para morar. Agora isso é meu.

- Você é um filho da puta. - cuspi na cara dele e naquele instante me arrependi com todas as minhas forças do que havia feito.

A mão grande do meu pai, agarrou-me pelo pescoço e ergueu-me meio metro do chão, batendo-me contra a parede. Seu braço estava em plena tensão e seus olhos estavam cheios de raiva.

- EMAGREÇA, FAÇA AS COISAS CERTAS E TALVEZ, APENAS TALVEZ VOCÊ SEJA FELIZ. - ele gritou na minha cara, sua respiração era fedorenta e eu estava sufocando. Movi minhas pernas para chutá-lo, mas não funcionou, quanto mais eu resistia, mais ele me sacudia. Suas palavras cavaram em minha cabeça, assim como seus dedos em minha garganta, deixando-me ofegante. Ele me deu uma cabeçada na bochecha, então escolhi a opção mais fácil; parar de se mover e me fingir estar inconsciente.

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