capítulo 18

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Rebecca

Houve uma batida na porta quando estávamos nos beijando, e então nos separamos. Freen estava rindo, mas eu estava séria, então fiquei parada com os cotovelos nos joelhos, olhando para a porta.

- Entra. - ela respondeu, franzindo um pouco a testa.

- Pedimos pizza, vocês querem descer? - disse Alejandro, inclinando-se para dentro do quarto.

- Sim! - Freen ficou de pé, caminhando em direção à porta com uma facilidade surpreendente, e eu saí logo atrás dela.

- Espero que goste dos quatro queijos, Rebecca. - Alejandro comentou, enquanto eu ajudava Freen a descer as escadas, que segurava meu braço.

- Eu comi algo antes de vir para cá, não estou com muita fome. - eu menti, porque o cheiro simples de pizza vindo da mesa da sala fez meu estômago roncar.

- Bom, então fique um pouco com a gente.

Aceitei, porque eu não queria ir para casa, porque todos naquela família me tratavam bem, naquela família eu era alguém. Eu era apenas namorada de sua filha, mas era como se eu também fosse da família. Na minha casa, era só alguém que morava no último cômodo voltado para o bairro. O único que não tinha vista para a floresta, e talvez fosse uma metáfora.

- Aqui, Rebecca, dê uma mordida. - Nun ofereceu.

Eu comi só metade, mas a mulher estava feliz mesmo tendo demorado séculos para eu comer, por quase resistir a morder o pedaço, bebi água para prolongar um pouco mais.

Eles riam entre si, contavam histórias familiares que me faziam sorrir e ansiar pelo que eu nunca tive. Freen disse que eu a levei ao museu e que graças a mim ela pôde imaginar um pouco melhor como era a arte. Isso valeu a pena.

- Você quer ficar essa noite? - Alejandro colocou a mão no meu ombro e eu olhei para ele.

- Não, minhas costas estão doendo um pouco e o sofá...

- Não, você pode dormir com a Freen. - ele me deu um tapinha na bochecha e bagunçou meu cabelo. Ele não via nenhuma ameaça em mim, e tudo bem, porque além do fato de que eu não era, nunca me ocorreria fazer nada com Freen ao lado de seus pais.

Talvez eles não soubessem que a filha tirava a calça do pijama quando dormia ou quando dormia comigo. Talvez não soubessem que tê-la por perto também era um perigo, mas não para mim. Eu só queria beijá-la devagar e abraçá-la, nada mais. Nem me ocorreu fazer algo na hora, eu só precisava de Freen por perto.

- Pronta? - eu perguntei em voz baixa quando ela terminou de tirar as calças, aninhando-se entre os cobertores. Freen acenou com a cabeça e eu apaguei a luz. No mesmo momento, senti seu corpo colidir com o meu, passando seu braço pela minha cintura.

- Você está bem? - aquela pergunta me desconcertou um pouco, eu não sabia a que ela estava se referindo. Mas eu estava com ela, dormindo em um quarto aquecido diferente da minha casa onde não me deixavam colocar o aquecedor com a desculpa de que estava gastando muito, em uma cama muito confortável e com a garota que eu queria.

- Estou. - eu respondi, aproximando meu rosto do dela para que eu pudesse beijá-la daquela forma tão terna, tão lenta, tão minha que eu tinha que beijá-la.

Uma de suas mãos escorregou por baixo da minha camisa e começou a acariciar a pele da parte inferior das minhas costas lentamente, com pequenos movimentos circulares, me arrepiando e me fazendo suspirar em seus lábios.

Sua mão acariciava lentamente minha coluna, enquanto nossos lábios não se abriam e seus dedos me relaxavam e se fundiam a mim, era uma sensação maravilhosa, mas então sua mão chegou ao meio. Eu me afastei com meus olhos apertados, e ela também.

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