Freen
Eles realmente não sabiam se o que haviam encontrado era bom ou ruim. Como esperado, eu surtei. Fiquei na cama o dia todo e Rebecca ficou comigo. Ela estava ao meu lado, presumo que estava estudando, não sei. Rebecca sabia guardar muito bem seus sentimentos, ou pelo menos foi isso que ela me mostrou durante todo o tempo que estive ao seu lado. Ela sabia sorrir quando as coisas estavam piores, e agora não era exceção. Eu estava definhando porque não sabia o que havia de errado comigo.
- O que você está fazendo? - fiquei meio atordoada. Os analgésicos que me deram eram muito fortes. Talvez assim também me ajudassem a não pensar tanto nos resultados dos exames que faziam em mim.
- Revisando. - ela murmurou baixinho. Presumi que era noite, Rebecca havia se oferecido para ficar comigo naquela noite e deixar meus pais descansarem. - Precisa de algo?
- Você, aqui... - apertei um pouco os olhos ouvindo como ela fechava os livros e juntava as folhas de anotações. Então, me virei de lado na cama. Rebecca deitou ao meu lado, envolvendo cuidadosamente o braço atrás da minha cabeça. Ficamos em silêncio. Eu podia sentir sua respiração ondulando contra minhas costas, e suas mãos apertaram as minhas, entrelaçando nossos dedos. - E se eu estiver morrendo?
- Você não vai morrer. - ela sussurrou com uma voz dura e séria, apertando minhas mãos com força. - Não vai ser algo ruim.
- Nada que apareça no seu corpo e não sabem o que é acaba bem. - eu me escondi em seus braços, enfiando minha cabeça em seu peito. Apertei os lábios para não deixar escapar o ar que havia puxado, mas acabei soltando aos poucos. Rebecca não disse nada, mas minha cabeça estava em seu peito. Seu coração estava bombeando rápido, forte, batendo contra o meu ouvido, me fazendo estremecer em seus braços. - Rebecca... - ela ainda não disse nada. Procurei seu rosto com as mãos até encontrá-lo. Minhas mãos cobriram suas bochechas, e eu as senti molhadas; ela estava chorando silenciosamente.
Doeu, doeu vê-la assim e desta vez por mim. Limpei as lágrimas que escorriam por seu rosto com meu polegar, abraçando-a mais forte enquanto a ouvia fungar.
- Não volte a dizer isso. - sua voz estava quebrada, fraca, trêmula. Ela mergulhou as mãos em meus cabelos para me acariciar, beijando minha testa com os lábios. - Tudo vai ficar bem.
{-}
Um zumbido perfurou meus ouvidos e a maca em que eu estava deitada se moveu. Pelo que me contaram, iam fazer uma ressonância magnética. Eu estava com medo. Meus dedos estavam fechados na beirada da maca, e eu estava fechando os olhos com força e tentando respirar pelo nariz.
- Tudo bem, Freen, não se mexa muito, ok? Vai durar alguns minutos, nada mais.
Mas eu não estava preocupada com os minutos que eu estivesse lá, eu estava preocupada com o que estava naquela tela.
Os minutos pareciam intermináveis, e no silêncio daquela sala comecei a pensar em Rebecca. Eu não queria que ela sofresse, não queria que isso piorasse a vida de Rebecca se fosse algo ruim. Eu não queria que ela se afundasse comigo, não podia. Eu era sua âncora, e se sua âncora se desintegrasse? E se a âncora dela quebrasse e a deixasse à deriva? E se eu não fosse mais suficiente para tirá-la daquele poço em que ela estava?
- Já acabamos. - a voz do médico me fez pular na maca, e ele colocou a mão no meu ombro. - Ei, não chore. - ele limpou uma lágrima do meu rosto; eu nem tinha percebido que estava chorando de novo. - Agora eles vão te levar de volta para o seu quarto e não vamos mais incomodá-loa.
Eu quis responder que o que eu queria era ficar bem e não morrer, que era a única coisa que me vinha à cabeça naqueles dias.
{-}
VOCÊ ESTÁ LENDO
🇨🇴🇱🇩
Fanfiction𝙵𝚛𝚎𝚎𝚗 é 𝚘 𝚛𝚎𝚏ú𝚐𝚒𝚘 𝚍𝚎 𝚁𝚎𝚋𝚎𝚌𝚌𝚊. 𝚁𝚎𝚋𝚎𝚌𝚌𝚊 𝚜ã𝚘 𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜 𝚍𝚎 𝙵𝚛𝚎𝚎𝚗. 𝙼𝚊𝚜 𝚊 𝚍𝚎𝚙𝚛𝚎𝚜𝚜ã𝚘 𝚗ã𝚘 𝚙𝚘𝚍𝚎 𝚜𝚊𝚕𝚟𝚊𝚛 𝚘 𝚊𝚖𝚘𝚛. 𝐀𝐝𝐚𝐩𝐭𝐚çã𝐨