capítulo 32

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Rebecca

- Como já dissemos, outro dia encontramos algo anormal no scanner. - o médico mostrou o que pensei ser um raio X, mas era o resultado do exame. - Esta é a sua cabeça antes do golpe, não havia nada. - ele levantou o próximo scanner, e o médico olhou para Alejandro. - Esta é a ressonância magnética que fizemos outro dia. Vocês veem essa mancha branca? - engoli em seco com tanta força que tive medo de engasgar. - É um tumor que pressiona o nervo óptico. Temos que fazer uma biópsia, mas achamos que é benigno. - Essa última coisa fez meu coração parar, me estabilizar completamente. Aproximei-me para ver a ressonância com o cenho franzido. - Poderíamos operá-la se... - minhas pernas tremiam, minhas mãos tremiam, sentia a bile no fundo da minha garganta.

- O que acontecerá quando o removerem? - cruzei os braços, ligando os pontos na minha cabeça. Se era realmente o que eu acreditava, minhas pernas estavam começando a ceder.

- Seu nervo óptico pode... voltar ao normal.

- Quer dizer que vou poder enxergar de novo? - Freen perguntou com o cenho franzido com os olhos voltados para o chão. Minhas unhas estavam quase cravadas em meus braços, esperando a resposta do médico.

- Poderia. Não é seguro. Não quero que você tenha muitas esperanças, porque raramente fizemos isso. O seu caso é um caso excepcional. - ele parecia nervoso, eu nem tinha notado que Freen estava chorando.

- Mas? - eu disse, tentando entender aquilo.

- Essa operação é muito arriscada. Não garantimos que você verá novamente e...

{-}

Os pais de Freen nos deixaram a sós. Freen estava sentada na beira da cama com as mãos nas minhas, acariciando lentamente.

Eu estava com uma mistura de emoções que não sabia por onde começar a descrevê-las. A primeira é que eles não sabiam se deveriam estar felizes ou não, porque "acreditavam" que era benigno. A segunda é que eu também não sabia se ela sairia viva da operação. E a terceira... se ela saísse viva, não era certo que veria novamente.

Freen chorava silenciosamente, com uma lágrima bordejando a crosta de sangue no olho que melhorava um pouco a cada dia, mas tudo piorava cada vez mais.

- Você não pode operar. - eu murmurei baixinho, e Freen apertou minhas mãos e os dentes.

- Cala a boca. - ela me respondeu, tencionando o maxilar. Ela se levantou da cama e eu a segurei, embora ela tenha recusado minha mão, se encostando na parede. - Essa é a única oportunidade que tenho. A única. - ela disse com a voz trêmula.

Meus lábios tremeram, com lágrimas grudadas na pele ressecada, cortadas e esbranquiçadas. Eu não estava sendo eu mesma, não estava no meu corpo. Se eu pudesse fazer uma troca com Deus, eu preferiria que Freen continuasse vivendo e eu sofrendo na minha casa, mas não, eu não poderia perdê-la.

Freen bateu com a mão no pé da cama, e isso a deixou furiosa. Ela começou a bater no colchão, o metal da borda batendo em suas mãos.

- EU NÃO QUERO CONTINUAR! - ela estava gritando, batendo na porta com os punhos, enterrando as dobradiças nas mãos. - EU NÃO POSSO CONTINUAR! - sua voz estava desesperada, entre chorar e bater na porta com raiva e fúria.

Eu a abracei por trás segurando suas mãos que sangravam nos nós dos dedos, estavam vermelhos dos golpes. Escondi meu rosto em seu cabelo, soluçando, tentando fazê-la se controlar por ela e por mim. Freen só chorou, chorou sem se importar com nada.

- Não posso, Rebecca... - ela sussurrou enquanto as lágrimas caíam incessantemente em seu rosto, e suas mãos se agarraram às minhas, abraçando a si mesma. - Eu não posso continuar...

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