03

107 16 2
                                    

Lili

Domingo de manhã.
Eu levantei da cama por volta das seis, fiz um café forte e sentei em minha varanda observando o resto do nascer do sol. Era uma manhã com um clima confortável e que me trouxe a sensação de precisar fazer algo, ir a algum lugar.

Olhei para o meu apartamento silencioso e me dei conta de que não teria nada para fazer além de assistir filmes e comer besteiras, como vinha fazendo em qualquer tempo livre que tinha. Eu estava me saindo bem como uma solteira que ainda não superou os chifres do último relacionamento.

Dei um longo suspiro e tornei a observar o céu. As lembranças de Dylan voltaram e eu me senti triste por ele ter parado de me procurar, por mais que eu tivesse insistido várias vezes para que ele me deixasse em paz. Não era fácil viver com a ideia de que eu não poderia aceitá-lo de novo, por mais que meu corpo implorasse pelo seu toque.

Uma pequena lágrima escapou do meu olho, correndo por minha bochecha e se desfazendo em meus lábios. Eu sempre tentei ser uma boa pessoa em todos os quesitos. Uma boa amiga, uma boa filha, uma boa mulher, uma boa namorada... O que estava errado em mim? Por que não sou interessante o suficiente para que alguém queira ficar comigo e só comigo?

Enxuguei meu rosto, respirei fundo enchendo meus pulmões de ar e fechei os meus olhos.

— O problema é ele e não você. — falei para mim mesma. Tornei a abrir os meus olhos e sorri sem mostrar os dentes. Tudo isso passaria, eu tinha que acreditar.

Saí da varanda e fui até a minha cozinha disposta a preparar um café da manhã que não fosse uma tigela de cereal doce como nos últimos dias. Preparei algumas panquecas e fiz alguns recheios diferentes.

Depois de preparar, eu tomei um banho demorado e finalmente me sentei ao balcão para comer ouvindo uma boa música no meu som. Curiosamente, a música que eu estava ouvido era "take me to the church", que em sua tradução literal significava "me leve para a igreja".

Olhei meu relógio de pulso que marcava sete e meia da manhã. Dali a meia hora, a missa se iniciaria e eu pensei por alguns segundos se deveria aceitar o convite recebido pelo padre Cole ou se ficaria em casa num domingo igual a todos os outros.

— Ok, não custa nada fazer algo diferente e eu bem que preciso respirar novos ares. — eu disse levando meu prato até a pia.

Fui até o meu quarto e escolhi uma roupa simples para usar. Um vestido azul claro que ficava um palmo acima dos meus joelhos. Nos pés, eu usei uma sandália de couro marrom com sua tira trançada amarrada ao meu tornozelo. Coloquei uma jaqueta jeans, deixei meus cabelos soltos e peguei uma bolsinha de ombro.

Quando ia saindo de casa, dei de cara com o Casey vestindo uma roupa esportiva, prestes a ir fazer uma caminhada.

— Vai sair? — ele perguntou com a testa franzida.

— Vou à missa.

— Que? — deu risada. — Fala sério, onde vai?

— À missa. — repeti revirando os olhos.

— E por acaso você acredita em Deus?

— É claro que eu acredito! — afirmei. — Eu só não sou muito ativa se tratando de religiosidade.

— Lili, qual a primeira história da bíblia?

— Adão e Eva! — respondi convicta e ele negou com a cabeça. — Ué, não?

— É a criação!

— Tá, e daí? Quem lê a bíblia hoje em dia?

— Cristãos, como pessoas que frequentam missas e os padres que as realizam.

Caindo em Tentação ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora