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Lili

Cheguei até o hospital e saí do meu carro tão depressa que talvez eu tenha até esquecido de travar as portas. Atravessei a entrada do hospital e fui direto para a mesa da recepção. Minhas mãos estavam trêmulas e eu mal conseguia respirar direito.

— Moça? — chamei a recepcionista.

— Só um minuto. — ela mal olhou para mim.

O lugar estava cheio de gente, o barulho era alto e constante e estava claro que eu não teria a atenção da recepcionista tão cedo.

— Moça? — a chamei novamente.

— Só um momento, senhorita! — falou com impaciência.

— Eu só preciso de uma informação sobre um paciente que possivelmente está internado aqui! — aumentei o meu tom de voz. — O nome dele é Cole Sprouse, eu preciso saber como ele está!

— Pode aguardar só um instante? O lugar está cheio! — falou no mesmo tom que eu.

A minha impaciência misturou-se ao meu nervosismo e ao barulho de todas aquelas pessoas que me rodeavam. Eu comecei a entrar em desespero e com certeza não estava com a mínima vontade de esperar para saber se Cole estava vivo ou não.

— Olha, eu só quero o caralho de uma informação! Será que você poderia, por favor, me dizer se o meu amigo está vivo? Ou eu vou ter que colocar esse prédio a baixo pra ter uma resposta? — eu gritei, chamando a atenção da maioria das pessoas.

— Eu tenho que pedir que se acalme. — ela me encarou.

— Me acalmar!? — gritei ainda mais alto, dessa vez, batendo com força no balcão. — Eu posso ter perdido alguém que eu amava hoje e você manda eu me acalmar?

— Muito bem, eu cuido disso. — um homem apareceu, acenando positivamente para a recepcionista e virando-se de frente para mim. — Eu vou ajudá-la, ok? Só preciso que tenha um pouco de paciência, a noite de hoje foi bem corrida. — ele disse num tom mais gentil. Eu assenti e respirei fundo. — Qual o nome do paciente que deseja ver?

— Cole Sprouse. — o vi começar a procurar no computador.

— Desculpe, não há nenhum paciente aqui registrado com esse nome.

— Você tem certeza? — engoli em seco quando ele afirmou positivamente. — Ele estava num acidente que aconteceu agora a pouco na fronteira da cidade. Havia quatro homens no carro, três deles morreram.

— Sim, eu tenho conhecimento sobre esse acidente. — ele voltou a olhar o computador. — O único sobrevivente não se chama Cole Sprouse. — me olhou de relance. — Eu sinto muito. Se a senhorita quiser e se estiver se sentindo apta, os outros três corpos estão no necrotério para reconhecimento.

Meu mundo parou naquele instante. Era isso? Cole estava mesmo morto? Em um momento ele estava aqui, ao meu lado, sorrindo comigo e me colocando pra cima no meu momento mais difícil, agora ele simplesmente partiu de uma hora para outra, deixando um buraco em meu peito, uma ferida que eu duvidava muito que poderia cicatrizar tão cedo.

Minha visão ficou embaçada e uma tensão se formou em minha garganta, me fazendo soltar um grito agudo involuntário que veio logo atrás de um choro desesperado. O moço que me atendia correu até mim e me segurou em seus braços quando minhas pernas enfraqueceram e eu fui ao chão.

Eu gritava e esperneava, com meus olhos queimando e jorrando lágrimas de dor. Ao meu redor, eu vi dois enfermeiros tentando me levantar, mas eu não queria sair daquele chão frio, não queria me mexer, não queria estar num mundo onde Cole já não estivesse.

Caindo em Tentação ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora