Emma Myers
Já estávamos no fim do dia, estava sentada no sofá da sala com um pote de sorvete na mão assistindo um filme quando ouvi a porta se aberta e a Jenna passar por ela.
— Boa noite. — falou, assim que me viu. Fechou a porta e veio até mim.
— O que está vendo? — perguntou sentando do meu lado.
— Atentado em Paris. — respondi.
— Como foi seu dia?
— Rasuável. — disse meio desconfortável, mas para tentar melhorar o seu desconforto, ela roubou meu pote de sorvete.
— Ei. — resmunguei.
— Eu mereço, tive um dia longo. — pegou a colher que estava na minha mão e começou a comer o meu sorvete.
— Tem mais na geladeira, é só pegar lá. — digo entre dentes, odeio quando roubam minha comida.
— Mas está muito longe, esse está mais perto. — tirou o sapato e se ajeitou no sofá, comendo meu sorvete enquanto assista o filme.
— Abusada.— cruzei os braços e voltei a prestar atenção no filme.
Ficamos alguns minutos em silêncio, só prestando atenção no que passava na televisão.
Mas assim que acabou ela se pronunciou:
— Você não abriu nenhum presente? — perguntou.
— Não.
Encostado num canto da parede se formava uma grande montoeira de presentes de casamento, eu não encostei em nada, ignorei tudo que estava ali e só prestei atenção no filme.
Mas parando para pensar, isso não estava aqui ontem, como que isso chegou aqui?
— Quer abrir? — perguntou me olhando.
Assenti.
Ela deixou o sorvete em cima da mesinha e fomos até os presentes.
Por onde começo?
Tem tanta coisa aqui que nem sei por onde começar.
Mas uma caixinha pequena que estava no alto de tudo chamou minha atenção, me estiquei para pegar ela e quase deixei ela cair.
Mas consegui pegar.
Abri a mesma e dei de cara com vários brincos brancos dentro da caixa.
Não acho que isso seja um bom presente de casamento, mas gostei porque eram parecidos com os que a Jenna tinha me mandado alguns dias atrás.
Não.
Não foram só livros e flores, ela mandou perfumes, lenços, um relógio.
Ela me mandou várias coisas.
— São parecidos com os que você me mandou. — disse, mostrando os brincos para ela que me olhou confusa.
— Eu mandei? Eu nunca mandei brincos para você. — o sorriso que tinha no meu rosto se desvez rapidamente.
— Como não? E os livros, as flores, o relógio, os perfumes? Vai me dizer que também não mandou isso? — perguntei um tanto confusa, mas também raivosa.
— Desculpa, mas eu nunca mandei nada disso para você. — falou, bem convincente.
— Nunca comprei nada disso.
— Jenna, você está sendo bem indelicada. — tentei me acalmar, deixando a caixinha em cima da mesa e me afastando dela.
— Me desculpe, mas eu só estou falando a verdade. Se algum dia eu tivesse pensando eu de dar um presente, pode ter certeza que eu falaria, Emma. Eu iria ser sincera. Mas não. Eu nunca pensei em dar.
— E eu posso saber o porquê? Por que você nunca pensou em dar presentes para a sua noiva? Não acho conveniente comprar presentes para a mulher que vai se casar, — falei com um tom de voz grave e com a cara fechada de ódio.
— Prefiro não responder, não quero ser indelicada.... novamente, como você mesmo disse.
— Você já foi. Pode ser de novo, quantas vezes quiser, porque nessa altura do campeonato eu te garanto que estou preferindo a indelicadeza.
— Eu não quero magoar você, longe disso mas, eu acho que a gente deveria ter se conhecido melhor antes de ter se casado. Isso tudo foi rápido demais e eu não estava pronta. A gente nem se conhecia direito, fazia anos que não conversamos e acho que foi tudo muito corrido.
Perai.... é o que?
Ela não queria casar?
EU CASEI ACHANDO QUE ELA ME AMAVA MAS NA VERDADE ELA NÃO ME AMAVA PORRA NENHUMA?
Eu só posso está ouvindo coisas.
Isso não pode ser verdade.
— Por que você não me disse nada? POR QUE NÃO DISSE QUE NÃO QUERIA CASAR? PORRA EU NÃO ACREDITO NISSO. — gritei, já me descontrolando e perdendo o foco.
— EU TENTEI. Eu tentei muitas vezes. Mas falhei. Aqueles livros que você mandava, os poemas de Raimundo Correia, Olavo Bilac....
— Poemas? Que poemas? Eu nunca mandei poemas nem para você e nem para ninguém.
Eu tenho cara de quem manda poemas para alguém? Pelo amor de Deus. — afirmei. Aquela conversa estava ficando confusa demais.— Não? Como assim não?
— Perai.... Caralho eu odeio a minha mãe.
Ela armou tudo isso, fez parecer que quem mandava os presentes para mim era a , mas na verdade era ela mesma. Eu não acredito que cai nessa de achar que a Jenna mandava presentes para mim.
Que ódio!
— A minha mãe armou tudo isso junto com a sua mãe, elas armaram tudo. Davam presentes fingindo ser nós mesmas, como eu não percebi? O livro que você..... quer dizer, ela me deu — me corrigi.
— Era um que eu queria muito, não tinha como você saber. Eu sou muito burra mesmo, estava tudo tão evidente.
A Jenna estava igual uma estátua processando tudo.
— Eu também não queria me casar. — afirmei, olhando para ela que levantou o olhar para me encarar.
— Eu não acredito. Eu acabei com a minha vida. — bateu com as mãos em um dos presentes com raiva.
— Eu abandonei muita coisa para casar, eu pensava que você me amava. Eu poderia ter ficado mais tempo no méxico, não precisava voltar correndo. Eu deixei tanta coisa para trás, destruí tantas coisas para está aqui..... Caralho, foi tudo desperdiçado.
— Você não foi a única que abandonou coisas para está aqui, Jenna. Eu abandonei muitas coisas também, pode ter certeza.
— Eu estou falando de trabalho. — disse, tentando se corrigir.
— Eu também. Eu estudo para trabalhar, para ter um futuro e minha independência financeira, não foi para casar e ficar trancada dentro de casa escolhendo o cardápio de jantar para espero. — gritei.
— Você não faz ideia do que esse casamento significa para mim, ele arruinou muitos planos. Me tirou muitas coisas, pode ter certeza que isso foi a maior burrice da minha vida.
— Se eu tivesse ideia, nunca entraria naquela igreja. Pode ter certeza.
— Esse casamento foi um erro.
— Eu nunca me arrependi tanto de uma coisa em toda a minha vida.
Ao terminar de falar, ela virou-se e saiu de casa, batendo a porta. _______________________________
é eita atrás de eita
estão preparados pra fic acabar jaja?
até o próximo capítulo!
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Casamento arranjado - Jemma
RomanceEmma Myers, uma mulher com um padrão de vida alto, mas que não quer viver às custas dos pais para sempre. Ela só quer se formar e construir seu futuro sozinha, subindo cada degrau por mérito próprio. Mas parece que nada que ela deseja se tornará rea...