CAPITULO 11

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"Posso saber o por quê você não foi à festa ontem?" - Ian pergunta assim que me sento à sua frente na mesa do Coffee's.

"Oi pra você também" - Reviro os olhos.

Já era sábado. Não encontrei com Lorenzo depois do que acontecera noite passada e não sei o que aconteceria caso o visse.

"Estou esperando a resposta" - Ele encosta-se na cadeira, cruzando os braços.

Lembro da época em que começamos a sair em que Ian era fofo e simpático, e senti saudades desses dias quando encarei sua expressão séria e fria.

"Eu acabei dormindo" - Falo, apenas.

Ele esperou por mais, mas não disse nada.

"Bom..." - Ele ajeita-se na cadeira - "Você está linda. Parabéns"

Sorrio. Aí está o menino pelo qual me apaixonei.

"Como foi seu dia?" - Ele pergunta.

Conversamos até que pedimos a comida e ela chegou fervendo em meu prato, minha boca salivou. Comecei a comer - um pouco rápido demais pela fome.

"Ei, ei, relaxa Abby a comida não vai sair daí"

Olho para ele e engulo o que está dentro da boca a seco. Perco o apetite imediatamente e paro de comer.

"Ei, eu só não quero que você esgasgue" - Ian fala quando repara.

Ele alcança minha mão por cima de mesa, a pega devagar e recuo um pouco antes de permitir que ele me toque. Comemos o resto dos pratos.

"Posso recolher os pratos?" - A garçonete abre um sorriso para nós e assinto.

Assim que a mulher sai, Ian começa a falar.

"Bom, já faz quatro meses que estamos ficando e andei pensando muito em nós ultimamente, em como te quero, em como você me quer. Quando digo que eu te quero, quero dizer que desejo tudo em você, seu corpo e seu coração, pois estou entregando o meu para você nesse momento" - Ele para pra respirar - "Você é uma menina especial, linda, inteligente, tudo o que eu sempre quis" - Ele tira uma caixinha do bolso - "Abby, quer namorar comigo?"

Fico pálida e sinto minha pressão cair. Me recosto da cadeira, olhando a aliança de prata grossa em cima da mesa. As pessoas que também ocupam o restaurante em volta olham com um sorriso para a nossa mesa, curiosos.

As palavras de Lorenzo ecoaram por minha cabeça. Você se sente confortável perto dele?. Mas não tinha tempo para pensar agora, com todos os olhares atraídos e o rosto sério de Ian sobre mim, me vi sem saída.

"Sim" - Respondo, porém as palavras não saem com o tom esperado, então tento de novo - "Óbvio que sim!" - Forço um sorriso.

Todos em volta batem palmas, Ian sorri e coloca as alianças em nossos dedos.

.

"E então, cadê a aliança?" - Nora anima-se quando chego à mesa do pátio na segunda-feira.

Passei o domingo estudando, mal saí do quarto, e meu coração apertou quando Lorenzo não jantara em casa nesse dia - provavelmente porque estava com Lena. Não vi ele ainda depois de nosso beijo e comecei a ficar angustiada. Como que ele me beija e depois simplesmente some?

Mostro o dedo para Nora, que segura minha mão, prestando atenção nos detalhes. Nesse momento porém, sinto passos atrás de mim e viro a cabeça o suficiente para enxergar Lena e Lorenzo se aproximando, de mãos dadas. Meus lábios se contraem em uma linha reta, meu coração dispara. Olho para os seus lábios e lembro de nosso beijo, de como suas mãos tocaram meu queixo, da eletricidade que percorreu meu corpo e agora quem estava sentindo isso tudo era outra garota. Ótimo.

"Lena! Chegou bem a tempo de cumprimentar a nova "casada" do grupo!" - Nora mostra a aliança e os olhos dos dois voltam-se para a minha mão.

"Parabéns, Abby!" - Ela sorri.

Percebo quando Lorenzo aperta forte demais sua mão e ela franze as sobrancelhas, soltando um gritinho.

"Parabéns" - Diz, sem me encarar.

"Mal passo esperar para o meu namorado me presentear com uma dessa!" - Lena exclama.
Ergo as sobrancelhas.

"Você e Lorenzo estão namorando?" - Pergunto e o encaro, mas seu olhar está longe daqui.

"Sim, ele não te contou? Já faz uma semana" - Ela também o encara - "Amor, vem no banheiro comigo?" - E então, os dois saem.

Fico ali parada, olhando até eles desaparecem. Namorando. Lorenzo está namorando Lena. Tudo o que aconteceu passou tão rápido pela minha cabeça que senti que iria vomitar. Que merda. Não sei ao certo o que era isso dentro do meu peito, mas dói. Com certeza dói.

Talvez por isso não percebi quando Ian passou o braço envolta de meus ombros e olhou para onde eu encarava.

"O que você está olhando, gata?" - Ele pergunta, ao meu ouvido.

"Nada" - Sorrio e lhe dou um beijo.

Retornamos à sala e a Sra. Nilton apareceu na porta. Merda.

"Ei, Nora" - Chamo - "A gente esqueceu do trabalho"

Ela arregala os olhos. Nós tínhamos que fazer um trabalho em dupla para hoje.

"Eu preciso de nota nessa matéria"

.

Nora fez o maior drama na aula da Sra. Nilton, pedindo mais uma chance, e agora estou sentada na cama dela fazendo o trabalho praticamente sozinha, já que ela não ajuda em nada. Decido usar isso ao meu favor.

"Ei, que dia Lena e Lorenzo começaram a namorar?" - Pergunto, parecendo desinteressada.

"Acho que foi naquele sábado que ele veio aqui" - Ela continua olhando o celular enquanto estremeço me lembrando daquele dia. Ian.

"E tipo... eles ficam fazendo o que lá no quarto?"

Nora me encara com as sobrancelhas franzidas.

"Não sei, né, Abby. Eles ficam sozinhos lá. Mas não estão transando, se é isso que você quer saber; Lena teria me contado"

Agradeço mentalmente por Nora falar tanto, pois se fizesse muitas perguntas ela claramente desconfiaria.

Fico quieta, apesar de querer contar tudo o que estava acontecendo para ela. Nós estávamos finalmente sozinhas, a oportunidade de me abrir com alguém estava aqui na minha frente. Eu precisava de uma pessoa a quem contar podia contar tudo, e claramente meu irmão não era uma delas no momento.

Meu irmão. Fazia tanto tempo que não trocávamos uma palavra que acabei até me esquecendo da voz irritante dele. Sinto saudades dele.

"Ei, Nora, eu acho que preciso contar uma cois..." - Não consigo terminar de falar.

"Shh, Abby, rapidinho, preciso fazer uma ligação" - Ela se levanta e sai do quarto.

Fico ali com cara de boba e termino de fazer o trabalho rápido, tanto que quando ela volta, já estou juntando as minhas coisas para ir embora.

"O que você queria me falar mesmo?" - Ela me acompanha com os olhos.

"Nada não. Até amanhã" - Passo por ela e saio depressa.

Chego em casa e - como se tivesse lido meus pensamentos -, Mike está sentado no sofá. Quando me vê entrar, fala rapidamente:

"Abby, posso falar com você?"

Me aproximo e sento-me ao lado dele.

Acho incrível a conexão que ainda temos, apesar da distância.

"A gente pode sair pra tomar um sorvete qualquer dia desses? Como nos velhos tempos" - Ele sorri.

"Sim, óbvio. Como nos velhos tempos" - Sorrio de volta.

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