CAPITULO 21

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Acordo assustada e tento me localizar.

Arregalo os olhos quando percebo que adormeci no quarto de Lorenzo e olho para o relógio digital na escrivaninha, já me levantando. São 5:57 da manhã.

O dia está clareando quando volto ao meu quarto e me recordo de tudo que aconteceu nessa madrugada.

Me deito na cama novamente e adormeço,
lembrando ainda do abraço reconfortante de Lorenzo em volta do meu corpo.

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"Então... Você pode nos explicar o que aconteceu ontem ou...?" - Meu irmão diz.

Todos na mesa do almoço me encaram, inclusive Lorenzo.

"Eu e Ian terminamos" - Respondo, apenas.

Vendo que não vão conseguir mais respostas, todos voltam a atenção à comida. Lorenzo lança um olhar para mim antes de tomar um gole d'água.

"Ellen está preocupada com Nora" - Minha mãe diz, de repente - "Você devia dar uma olhada nela. O que aconteceu com vocês?"

Percebo quando meu irmão tenta se fazer de despreocupado, mas segura o garfo com mais força.

"Não aconteceu nada" - Respondo - "Mais tarde vou na casa dela"

Comemos o restante do almoço em silêncio.

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Já é sexta-feira e todos deixaram a casa para realizarem seus afazeres, restando só eu e Lorenzo. Minhas pernas pioraram, apesar de eu ter começado até a emagrecer por causa das corridas constantes que andava fazendo. Um dos machucados infeccionou, e estava horrível.

Desço até a cozinha para comer alguma coisa quando ele me alcança por trás. Solto um gritinho e sorrio.

"Então, planos para essa tarde?" - Ele pergunta.

Depois daquela noite, nós temos nos dado melhor e agora eu me sinto menos culpada em ficar com ele, já que terminei com Ian. Lorenzo também parece melhor, e só vejo seus olhos baixos algumas vezes por semana. Tenho ajudado ele com o luto.

"To afim de assistir uma série" - Digo, me virando para olha-lo - "E inclusive, você pode trazer aqui as roupas que deixei no seu quarto ontem?"

Digamos que ontem eu tive que ajudar ele com o luto e acabou em outras coisas...

"Coloquei pra lavar" - Ele me solta - "Sei que não é a hora certa pra mencionar isso..." - Continua - "Mas você devia cuidar desses machucados na sua perna. Eles estão ficando feios, de verdade"

Acho que fico pálida por um instante, pois Lorenzo me segura pelos ombros.

"Ei, tá tudo bem, não vou te julgar" - Ele diz - "Só quero ajudar. Vem, vou fazer um curativo nisso aí" - Ele segura minha mão e me leva escada acima até o banheiro.

Assim que ele termina de desinfectar e colocar band-aid em tudo, nós deitamos abraçados no sofá até anoitecer e termos que fingir que não nos conhecemos perto da minha família que volta para casa.

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Passaram-se uma semana desde que eu e Lorenzo tivemos nossa primeira transa. Por mais que ainda me sinto insegura vez ou outra, ele me tranquiliza o máximo que consegue e faz tudo no meu tempo e conforme minha vontade.

A semana foi difícil, minha família inteira estava estranha e estressada, e o pior é nunca saber o que está acontecendo com cada um.

São 3 da madrugada de um sábado quando penso em ir até o quarto de Lorenzo. Porém, antes que tenha a chance de me levantar, ouço um barulho estrondoso de uma ambulância parando em frente à casa ao lado.

Sinto meu coração bater na garganta e desço correndo até a casa de Nora, lembrando vagamente da minha mãe ter falado sobre Ellen estar preocupada com ela no começo da semana. Quando chego em frente, vejo meu irmão, a camisa e os braços cobertos de sangue, e sinto que vou vomitar.

"Que porra aconteceu, Mike?" - Eu olho para ele assustada.

Ele engole em seco e é só nesse momento que consigo ver lágrimas descendo pelo seu rosto, iluminadas pela luz do poste da rua. Nesse minuto, sei que alguma coisa está completamente errada.

"Nora tentou se matar" - Ele diz, sua voz não passa de um sussurro.

Meus olhos lacrimejam na mesma hora e tento respirar fundo porque minha cabeça começou a rodar.

Mas não é só isso. Mike não estaria desse jeito por causa de Nora. Tem alguma coisa que eu não sei o que é, mas está acontecendo com o meu irmão.

"Mike, por que caralhos você tá chorando?" - Eu o olho, suplicando por uma resposta - "Ela tá morta?"

"Não"

"Então me explica o que aconteceu pra você estar assim caralho!"

Mas não obtenho resposta. A esse ponto eu estou chorando e tenho que lutar para me manter de pé, pois sinto que posso desmaiar a qualquer momento.

"Abby..." - Mike murmura e segura meus ombros para eu não cair.

Eu o encaro pelo o que parecem horas, até ele finalmente dizer:

"Eu estou apaixonado pela sua melhor amiga"

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