𝘚𝘪𝘭𝘦𝘯𝘤𝘪𝘢𝘥𝘰.
Essa era a única sensação que, pessoas tão diferentes como Doyoung e Sicheng, sentiam em comum. A única sensação que os sufocava, dia após dia, ao ponto de fazê-los clamar por ajuda.
𝗔𝘁𝗲́ 𝗾𝘂𝗲 𝗽𝗼𝗻𝘁𝗼 𝘂𝗺𝗮 𝗽𝗲𝘀𝘀𝗼�...
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05/12/2019, quinta-feira.
Três dias se passaram desde o incidente, e durante esse tempo, mesmo compartilhando o mesmo teto, os dois amigos — ou talvez, apenas colegas — evitavam-se a todo custo.
Era uma tarde fria e nublada, e mesmo sem muita vontade de comer, Doyoung arrumava os pratos sobre a mesa e organizava os talheres ao lado. Estava se esforçando, e por mais que não quisesse assumir, desejava que Taeyong aparecesse e lhe fizesse companhia.
Vergonha e frustração eram os únicos sentimentos que o descreviam naquele momento.
Sentia-se frustrado por ter confiado no Lee, por ter acreditado em seu gesto naquele dia. Como as coisas poderiam melhorar se, na primeira oportunidade, Taeyong preferia ignorá-lo?
Ao mesmo tempo, sentia-se a pior pessoa do mundo por ter arrastado Lee para aquela escuridão que ele chamava de vida, e consequentemente, ter causado tudo aquilo.
Taeyong permanecia indiferente com Doyoung, evitando qualquer contato visual, e o único momento em que trocavam algumas palavras era quando decidia ajudá-lo na limpeza de seus ferimentos.
Kim nunca imaginou vê-lo tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante, pudesse machucá-lo tanto. Sentia como se sua pele estivesse sendo rasgada por uma lâmina, seguida pelo ardor de ter álcool ateado em sua derme.
Sua força parecia esvair-se de seu corpo como areia escapando de uma ampulheta quebrada.
Ver Taeyong lhe evitando era doloroso; ver o garoto recuar alguns passos apenas por estar no mesmo cômodo que ele era angustiante. Doyoung não suportava mais.
Ele tivera a oportunidade de confessar seus sentimentos naquele dia em que estava com Sicheng, mas covardemente, preferiu recuar. Doyoung amava Lee, e sempre soube que era mais do que uma amizade, mas permitir que ele entrasse em seu coração depois de tanto tempo era o mesmo que despedaçar e transformar tudo o que viveu com Jaehyun em uma mentira.
Não queria que Jaehyun se sentisse traído pela pessoa que prometeu ser sempre dele. Ele não podia fazer isso, mesmo que não o amasse, não podia agir dessa forma.
"O que há de errado comigo?" Essa pergunta ecoava na mente perturbada de Kim. Cansado de tudo, Doyoung começou a se estapear, em uma tentativa falha de punição, só parando quando sua pele começou a arder e ficar avermelhada.
Com os cabelos escuros colados à testa pelo suor, deixou que algumas lágrimas molhassem o balcão gélido de mármore. Era uma dor indescritível, algo que nem mesmo se quisesse poderia compartilhar com alguém.
— Parabéns, Kim Doyoung. Você conseguiu perder seu melhor amigo. — Ele sussurrou enquanto fatiava um pequeno melão que estava abandonado na geladeira, sabendo que se não o consumisse, seria jogado fora. — Que fe... Porra! Não, não, não! — O coreano gritou. A situação era desesperadora, considerando o estado em que Doyoung se encontrava. O garoto estava tão imerso em seus pensamentos que esqueceu completamente a massa que estava cozinhando no fogo.