Levon Carter fora amaldiçoado no dia de seu nascimento pelo seu próprio pai. Forçado a passar a eternidade com medo de si mesmo, guardava a escuridão dentro de si, já estava prestes a se acostumar com seu terrível destino até que chega em Forks e pe...
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NUNCA ENTENDI o motivo do meu próprio pai nutrir tanto ódio por mim. Enquanto eu crescia, ele me observava de longe, até eu completar dez anos ele estava lá mesmo que de longe e, depois disso, eu nunca mais o vi. Por que ele estava lá se me odiava?
Todas as noites antes de dormir eu chorava enquanto implorava porque eu queria ser normal, eu não sabia bem para quem eu estava implorando, nem sei se alguém desse universo era capaz de atender ao meu pedido, mas mesmo assim. . . Talvez se eu pedisse o suficiente esse fardo seria tirado de mim. Mas nunca aconteceu.
Minha mãe fechou seus olhos para sempre quando eu completei vinte anos, ela era saudável e eu sei que a morte dela não foi natural por mais que parecesse. Naquele dia eu chorei feito uma criancinha em seu enterro, não tinha ninguém lá além de mim, ninguém que se importasse com ela tanto quanto eu me importei. Em vida eu jurei para ela que estaria ao seu lado em todos os momentos independente da ocasião, eu devia isso a ela já que a mesma me destinava tanto amor e cuidado, o amor e cuidado que a mulher que me pôs no mundo nunca me deu porque preferiu tirar sua própria vida ao invés de cuidar da criança desamparada que estava em seus braços. Depois daquele dia eu sinto que algo morreu dentro de mim, é como se ela tivesse levado parte de mim consigo dentro daquele caixão frio. Quando seu coração parou, o meu parou também.
E não, apesar do que o meu pai fez comigo, eu não o odeio. Decidi que não valeria a pena nutrir tal sentimento por ele, nem mágoa, nem ódio e nem rancor. . . Eu só queria entender o seu motivo para ter feito o que fez.
Depois de se viver tanto, certas coisas perdem o sentido. Quando eu tinha cerca de seis anos, eu amava a chuva, ficava feliz em poder sair correndo pelo gramado enquanto me molhava sem me preocupar se iria pegar um resfriado ou não, eu só queria me divertir; hoje em dia a chuva não me causa a mesma sensação, eu prefiro ficar protegido em casa apenas para poder evitá-la.
Quando eu passei pelo meu quinquagésimo aniversário tudo já havia perdido o sentido, pequenas coisas começaram a me irritar, pesadelos se tornaram frequentes, crises de raiva começaram a fazer parte do meu cotidiano e nos piores dias eu tinha que me trancar em um quarto para não fazer nada que eu me arrependeria depois. Meus poderes estavam saindo de meu controle e não havia muito o que eu poderia fazer para mudar isso a não ser reprimir meus sentimentos me dopando de remédios, com isso também comecei com o péssimo costume de fumar e, por mais que não afetasse em nada da minha saúde, funcionava como algo que me levava ao extremo, ou eu perdia o sono, ou me fazia dormir demais e ter pesadelos horríveis.
