𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 3

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Virei um dose de cachaça que desceu queimando na garganta, depois pedi mais duas doses pro barman que já era um velho conhecido meu, pois eu frequentava aquele bar pé sujo desde a adolescência, era o único lugar que vendia bebida alcoólica pra menores de idade...

Agnes estava dançando bêbada ao som da jukebox velha que tocava a mesma música country looping já fazia meia hora, mas ela estava tão chapada que não percebia, e também não percebia os malditos caminhoneiros olhando pra ela com a boca salivando feito malditos animais, eu então passei por eles de cara e punho fechados e fui pro banheiro, lá eu tirei um saquinho de plástico de dentro da jaqueta jeans rasgada e despejei cocaína nas costas da mão, cheirei a cocei o nariz me olhando no espelho, depois passei o dedo no que restou e esfreguei na gengiva...

Fui até o mictório e tirei o pauzão pra fora, comecei a mijar com a cabeça tombada pra trás sentindo o efeito da cocaína se apossar do meu corpo, até que escutei passos se aproximando, um dos caminhoneiros parou no mictório ao lado e também começou a mijar, eu o encarei de canto de olho e cenho franzido, terminei de mijar e dei umas sacudidas no pau, guardei de volta na calça e sai do banheiro batendo a porta...

Três homens estavam cercando a Agnes enquanto ela dançava, como urubus na carniça, fui até o bar e pedi um garrafa de vodka, dei uma golada e comecei a pisar duro em direção a eles, sem nenhum aviso prévio peguei impulso pra trás e atingi o mais barrigudo com uma garrafada na nuca, o vidro se espatifou e ele caiu pra frente com o impacto, em seguida entrei em posição de ataque segurando a garrafa quebrada na mão:
-Vem pra cima seus cuzões - provoquei, dando um passo pra frente e um pra trás, um pra frente e um pra trás.

Foi então que o primeiro partiu pra cima com um soco que eu desviei, e ele saiu tropeçando, com um chute certeiro na lombar eu o fiz cair batendo o queixo na banqueta do bar, o outro me pegou por trás e me deu uma chave de braço, mas eu cravei os pés no chão e puxei toda a minha força, me dobrei pra frente e ele foi lançado de cabeça no chão...

-PARA COM ISSO PORRA - veio correndo o dono do bar, que era meu amigo de longa data - Caralho Tom, sua ficha já não é suja o suficiente? Quer que eu chame os vermes pra te prender?!

Eu tinha sangue na camiseta branca, e estava ofegante, mas sorrindo:
-Foi mal irmão - puxei Agnes pela cintura - Eles mexeram com ela, sabe o quanto esses caminhoneiros são folgados!

-Tô pouco me fodendo irmão - o cara bufou - São tão clientes quanto você, agora mete o pé daqui e some por uns tempos, ou nossa amizade vai ter problemas!

Do lado de fora do bar, terminei mais uma cerveja encostado no carro, Agnes estava no banco do passageiro com os pés pra fora da janela escutando o rádio e fumando um:
-Amorzinho, encontraram o corpo de um garoto todo escalpelado hoje nas docas - ela disse assustada, ou fingindo se importar - Tá falando aqui no rádio.

No mesmo instante aquela cena me voltou na memória, do garoto agonizando pendurado na banheira, e eu soube que era dele que se tratava, comecei a prestar atenção no rádio e vi que não haviam suspeitos, que o garoto era pobre e que tinha desaparecido de um bar no centro da cidade, a família estava clamando por justiça...

-Pensei que fôssemos as pessoas mais violentas e perigosas dessa cidade de merda - Agnes riu - Mas alguém quer tomar nosso lugar, e eu acho que aqui é pequeno demais pra isso....

-Tem razão - dei o último gole e atirei a garrafa longe - Isso não pode ficar assim!

...

No caminho de volta pro trailer, Agnes foi chupando meu pau enquanto eu fumava um baseado e escutava rock antigo, até que pelo retrovisor vi um Porsche me seguindo, tentei manter a calma e ignorar, mas chegava cada vez mais perto, o carro tinha muito mais potência do que o meu e em pouco tempo conseguiu emparelhar, ele usava óculos escuros e tinha o cabelo esvoaçante, o braço também era forte segurando o volante, acenou com a cabeça.

Mostrei o dedo do meio pra ele e o homem riu, continuou andando lado a lado na pista, eu pisava fundo mas nada adiantava, Agnes tentou levantar a cabeça pra olhar o que estava acontecendo mas eu empurrei de volta pra baixo...

Até que o homem tirou um revólver de dentro do paletó e mirou na minha direção, meu sangue congelou na mesma hora, o homem então disparou, o tiro atingiu minha janela e passou de raspão no meu rosto, senti o calor e o impacto da bala, no susto perdi o controle do carro que derrapou na pista antes de sair pro lado e entrar na floresta, girei o voltante e pisei no freio mas não adiantou, atingi em cheio uma árvore e no impacto bati o rosto com o toda a força no volante, o grito da Agnes foi a última coisa que escutei no impacto violento....

....

Acordei sentindo uma dor horrível de cabeça, meu nariz ardia e minha visão estava desfocada, eu sentia uma pressão forte na garganta, então coloquei as mãos e toque seu sapato...
Lá de cima o homem me encarava, pisando no meu pescoço e rindo, ele então abaixou e segurou meu rosto com as duas mãos, tudo no meu corpo doía muito, o homem então passou o dedo no sangue que escorria do meu nariz e lambeu, pareceu se deliciar com aquilo, depois beijou minha testa com os lábios úmidos e frios:
-Meu nome é Peter, a propósito - disse ele, ficando de pé novamente - E eu quero te machucar Tom, quero te machucar muito...
-Por que? - gemi, tentando me mexer.
-Porque me excita, seu putinho. 

𝑩𝑫𝑺𝑴𝑨𝑵Onde histórias criam vida. Descubra agora