oito

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Hoje era dia de jogo, o Corinthians enfrentaria o Novorizontino pelo Campeonato Paulista às 11 da manhã. Levanto às 7, tomando um longo banho e vestindo meu uniforme de jogo antes de me encaminhar para a Arena.

Ao chegar no estádio, já começando a se encher aos poucos, fui até a área dos vestiários em busca da sala de fisioterapia que possuía aqui também.

Antes que eu pudesse adentrar a mesma, uma voz conhecida me chama.

– Será que a gente pode conversar agora?

Reviro os olhos ainda de costas.

– Não acho que a gente tenha algo pra conversar, Caetano - Cruzo os braços, mantendo uma boa distância do jogador a minha frente.

– Poxa, Malu, eu só queria me desculpar pelo que aconteceu - Ele faz uma expressão sofrida e até cogito que possa ser de verdade.

– Só isso? Tá bom, desculpas aceitas, pode voltar pro vestiário.

– Você pode deixar eu pelo menos me explicar?

– É sério Caetano, eu não to afim - Bufo - Já passou, não quero reviver tudo isso de novo, você sabia o quanto ia me machucar e fez do mesmo jeito, não tem como voltar atrás.

– Eu sei, amor, eu fui um babaca mas por favor, tenta entender meu lado - O jogador se aproxima, tentando me puxar pelo braço.

Amor.

Ele me chamou de amor.

E aquela simples palavra é o suficiente pra quebrar ainda mais o que já estava em mil pedaços e apertar meu coração.

– Você me perdoa?

Quando criança, minha mãe sempre me ensinou sobre perdoar e esquecer para curar nossa alma de algo doloroso. Reflito por alguns segundos sobre o quanto o término com Caetano me magoou, mas penso que enquanto não concedê-lo perdão, não vou me curar, por isso, respondo:

– Perdoo.

O garoto me abraça, a princípio fico sem reação, mas logo o abraço de volta, cedendo ao conforto de seus braços.

– Preciso ir pro aquecimento - Ele me solta - Obrigada por me entender.

Não respondo, vendo o jogador se afastar. Solto o ar que não sabia que estava prendendo, querendo chorar. Uma mistura de sentimentos conflitantes se agita dentro de mim. A sensação de alívio por finalmente liberar o peso do ressentimento compete com a dor persistente da mágoa ainda presente.

Caminho em direção à sala de fisioterapia, tentando afastar os pensamentos tumultuados que rondam minha mente. Ao entrar, sou recebida pelo aroma familiar de pomadas e produtos médicos, um cheiro reconfortante que me lembra do porque estou aqui e que estou vivendo meu sonho como profissional.

Após me recompor, aproveitei para me concentrar no meu papel no time e nas minhas responsabilidades para o jogo. Fui acompanhando os procedimentos pré-jogo, recebendo os últimos ajustes da equipe técnica e fazendo os preparativos finais.

Enquanto me preparava, minha mente ainda vagava pelos momentos recentes com Caetano. A sensação de perdão trouxe algum alívio, mas também trouxe à tona uma série de perguntas sobre o futuro e sobre o que realmente significava para mim. Será que perdoar era o mesmo que esquecer? Será que poderíamos realmente seguir em frente depois de tudo?

Esses questionamentos ecoavam enquanto eu me concentrava nas instruções de Mano Menezes para a equipe e no calor do momento. A adrenalina começava a tomar conta conforme nos aproximávamos da hora do jogo, definitivamente ainda precisava me acostumar com a ideia de fazer parte da equipe de campo.

À medida que o apito inicial se aproximava, meu coração batia mais rápido, não apenas pela expectativa do jogo, mas também pela complexidade dos sentimentos que ainda pairavam no ar. Avistei Kayke, me aproximando do garoto e desejando um bom jogo, hoje ele começaria de titular na partida.

– Obrigada - Respondeu seco.

Sua expressão de poucos amigos me faz franzir o cenho, me questionando se algo havia acontecido.

– Tá tudo bem? - Pergunto.

– Tudo ótimo.

Seus olhos nem sequer se movem em direção a mim, ignorando completamente minha presença. Fico magoada e brava na mesma intensidade, não sei o que aconteceu e ele não faz o mínimo esforço para me informar e, depois de ponderar por alguns instantes, decido ignorar seu comportamento. O time já vai entrar em campo e prefiro crer que seu nervosismo é tão grande que o impede de agir como gente.

Ouço o soar do hino nacional abafado pelo canto da fiel torcida e noto que o jogo já iria começar. Espero de canto os jogadores entrarem enfileirados e me dirijo ao banco de reservas, cantando o hino do timão junto da multidão que faz o estádio tremer.

O início do primeiro tempo foi difícil, tomamos dois gols de bobeira e o time não parecia estar se entrosando o suficiente. Mas, aos 23 minutos, em uma cobrança de escanteio de Rojas, Yuri cabeceou a bola, balançando a rede e levando a fiel à loucura quando o jogador deslizou pela lateral do campo.

A alegria pelo gol marcado pelo nosso time se misturava com a preocupação pelo placar desfavorável. A cada lance, eu torcia fervorosamente, sentindo a tensão aumentar a cada minuto que passava. O tempo parecia se arrastar enquanto o Novorizontino pressionava e nossa defesa se mantinha firme, resistindo aos ataques adversários.

À medida que o segundo tempo avançava, a intensidade do jogo só aumentava. Cada disputa de bola, cada corrida, cada passe, tudo era crucial. Os jogadores se entregaram completamente ao jogo, deixando tudo em campo e lutando até o último segundo.

Aos 17 minutos, Mano Menezes fez a segunda troca da partida. Wesley entra no campo fazendo a diferença, porque, assim que encosta na bola, mandando-a para Yuri, um gol sai, empatando o placar. Não preciso nem dizer que a torcida derruba a arquibancada com a dobradinha do camisa nove.

O jogo permanece acirrado, o ataque do Novorizontino não dava fôlego para nossa defesa mas, aos 35 minutos, a zaga rival falha, abrindo espaço para Yuri Alberto marcar pela terceira vez, pedindo a fiel em casamento ao comemorar o hat trick da virada.

O clima no estádio era eletrizante, com a torcida explodindo em comemoração após o terceiro gol do Corinthians. Ouvir o rugido das arquibancadas enquanto os jogadores corriam para celebrar o terceiro gol marcado era épico. A emoção tomava conta de todos os presentes, e eu me via envolvida nesse turbilhão de sentimentos.

Enquanto o jogo se aproximava do final, a tensão só aumentava. O Novorizontino redobrava seus esforços para tentar empatar, mas nossa defesa se mostrava sólida, resistindo bravamente a cada investida adversária.

Os minutos finais foram de pura agonia e expectativa. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e eu mal conseguia conter a ansiedade. A torcida vibrava a cada desarme, a cada passe certeiro, torcendo para que o tempo se esgotasse logo e garantíssemos a vitória.

Ao soar do apito final, indicando a vitória alvinegra, a torcida vibra, transformando o estádio em uma grande festa.




NA:

cap nao tão longo (nao gostei mt desse, confesso) e sem muitas interações do nosso casal pq vai vir babado ai pela frente

vcs gostam que eu narre os jogos ou preferem que eu comente rapidamente se ganhou ou nao e os gols?

pq vcs acham que o kayke ta de rabo virado com a maluzinha? 👀

por último mas não menos importante, obrigada pelo 1k de leituras!!! mais tarde tem mais mimos pra vocês

PILANTRA - Kayke FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora