cinco

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Três dias passaram desde a confusão entre eu e Caetano e minha demissão nunca chegou. Pelo contrário, Augusto Melo em pessoa veio falar comigo, dizendo que jamais me demitiria por uma situação em que eu sou a vítima e me tranquilizou dizendo que a partir de agora, Rafael avaliaria Caetano.

Caminho pelo CT devagar, cheguei mais cedo do que o normal hoje, já que o treino seria realizado pela tarde, e isso me dá paz por uma longa hora antes que todos cheguem. Vou até minha sala, organizando meu material de trabalho e logo ando até a cozinha, buscando algo para almoçar.

– Bom dia, dona Rita - Sorrio para a cozinheira.

– Bom dia, filha! Caiu da cama?

– Quase isso - Concordo - O que tem pra hoje?

– Seu favorito - Sorri - Strogonoff de frango e purê de batatas.

Minha boca enche d'água, essa é literalmente a melhor comida de todas.

– Arrasou, dona Rita - Faço um toque de mão com a mesma, que ri.

Ajudo a mulher a organizar a mesa, colocando os pratos e talheres e montando a bancada self service de comida, tudo cheira tão bem que mal posso esperar para comer.

– To achando que você mora aqui.

Kayke entra no local, assustando a mim e a dona Rita, que dá um pulo levando as mãos ao peito.

– Cara, você precisa aprender um jeito de chegar fazendo barulho - Reclamo - Ta fazendo o que aqui? O treino só começa as 14h.

Olho para meu relógio que marcava 13h35.

– É que eu queria almoçar contigo - Pisca.

Dona Rita ri baixinho, saindo de fininho como se não pudéssemos notar.

O garoto anda em minha direção, me cumprimetando com um abraço apertado e beijo no rosto, ele encaixa o nariz no meu pescoço, me arrepiando ao inalar forte meu cheiro.

– Hummmm, cheirosa - Deixa um beijinho no local.

Eu me afasto rápido, fingindo que nada aconteceu.

– Deixa de ser abusado, garoto.

– Nossa Maria Luiza, você só me maltrata - Fez biquinho, sentado à mesa.

– Eu já te disse pra desistir disso ai, eu e você não vai rolar - Respondo, servindo meu prato e me sentando à sua frente.

– Só desisto se você me der 3 motivos convincentes - Kayke cruza os braços, me desafiando.

– Você é bem mais novo que eu - Aponto.

– Motivo negado, idade não significa nada e são só 3 anos.

– Eu sou sua fisioterapeuta - Conto nos dedos, listando.

– Refutada, você namorou um dos jogadores por 4 anos e trabalha aqui há dois - Retruca.

– Não pensei em outro motivo ainda, me dá um tempo.

– Tá vendo? Você não pensou porque não tem motivos, você tá só fugindo porque tem medo de me dar um beijo e se apaixonar - Diz, com um sorriso convencido nos lábios.

– Cala a boca, Kayke - Jogo meu guardanapo nele.

– Tô mentindo?

– Sim, está!

– Então prova, me dá um beijo - Desafia.

– Para de ser maluco, não vou te beijar no meu ambiente de trabalho - Falo, começando a ficar nervosa com a possibilidade dele me beijar.

– Vai me beijar fora daqui então? To sozinho em casa hoje hein - Provoca, sorrindo.

Travando um confronto silencioso com Kayke, tento manter a compostura enquanto meus pensamentos correm em círculos. Por mais que a proposta pareça tentadora, sei que ceder só alimentaria uma dinâmica perigosa entre nós.

– Você não desiste, né? - Respondo, tentando manter um tom leve, mas firme.

Kayke solta uma risada travessa e dá de ombros, como se estivesse apenas se divertindo com a situação.

– O que posso dizer? Sou persistente. E você? Tem medo de não resistir? - Ele inclina a cabeça, estudando minha reação.

Suspiro, ciente de que não posso escapar dessa conversa.

– Kayke, eu... olha, não é uma questão de medo ou falta de vontade. É uma questão de ética e profissionalismo. Não podemos misturar as coisas dessa maneira, já cometi esse erro uma vez e olha no que deu.

Ele parece ponderar minhas palavras por um momento, seu olhar intensamente fixo no meu.

– Tudo bem, Maria Luiza. Eu entendo. Por enquanto - ele acrescenta com um sorriso charmoso.

Antes que eu possa responder, o som de passos se aproxima e Mano Menezes entra na cozinha, interrompendo nosso diálogo intenso.

– Ah, até que enfim achei alguém neste lugar! - Ele cumprimenta com um sorriso amplo. – Estava procurando por você, Maria Luiza. Precisamos discutir alguns detalhes sobre o treino de hoje.

Respiro aliviada com a interrupção oportuna e me levanto da mesa, deixando Kayke para trás com um olhar cauteloso. Enquanto seguimos para a sala de reuniões, não consigo evitar o pensamento inquietante de que essa conversa com o jogador está longe de terminar.

O resto do dia ocorre em meio a treinos intensos e reuniões estratégicas enquanto nos preparamos para o próximo enfrentamento contra o Novorizontino, mas a tensão entre mim e Kayke persiste nos cantos da minha mente. Enquanto observo os jogadores se dedicando no campo, uma voz interior sussurra que, talvez, não seja tão fácil resistir às investidas de Kayke quanto eu gostaria de acreditar.









NA:

malu caçando motivo pra não beijar o kayke é igual eu caçando motivo para ainda confiar no time do corinthians

mais tarde tem mais!














PILANTRA - Kayke FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora