Mano Menezes pediu que eu me juntasse à equipe no banco de reserva do Corinthians durante o jogo contra o São Paulo hoje. E eu estava simplesmente surtando.
Num geral, eu sempre assistia aos jogos de dentro do campo, nas laterais, perto do túnel pelo qual os jogadores entravam, mas hoje a noite seria diferente porque eu estaria sentada junto da equipe técnica e dos reservas, vendo de pertinho e trabalhando junto da equipe de paramédicos caso alguém se machucasse durante o jogo.
Dirigi para casa por volta das 17h da tarde, tomei um banho rápido e dei um jeito na minha cara com um pouco de maquiagem. Corri de um lado a outro buscando o uniforme que utilizamos em noites de jogos, a calça legging preta juntamente de uma camisa branca bem parecida com o uniforme dos jogadores.
Ao abrir minha bolsa atrás do meu celular, me surpreendi ao ver um pote de salada de frutas, o mesmo que eu havia pego no café da manhã, com uma tampa acrescentada. Observei o pote por alguns segundos, tentando raciocinar em que momento coloquei aquilo aqui, mas não conseguia me lembrar, dei de ombros, estava atrasada demais para pensar.Terminei de me arrumar e me direcionei até a cozinha, pegando um garfo para que pudesse comer a salada de frutas no caminho para o jogo. Decidi que ir de uber seria a melhor opção, já que sempre vamos para a casa de um dos jogadores para comemorar (ou chorar) no final da noite e sempre acabo bebendo uma ou duas cervejas.
Meu apartamento é relativamente perto da Arena, levando cerca de no máximo 20 minutos para que eu chegue até o local. Passo meu crachá pela catraca e caminho apressada até a área interna do local, onde se localizam os vestiários. Busco Mano Menezes com os olhos e quando o avisto, me dirijo até o mesmo.
– Está preparada? - Pergunta sorrindo e me dando um abraço, junto de um beijo no topo da cabeça.
Desde que entrei aqui, Mano sempre me tratou como filha e sou muito grata a ele por isto.
– Estou nervosa, esse é tipo, meu sonho número um desde que eu me entendo por gente, não quero fazer besteira - Sorrio largo.
– Se te coloquei nesta função é porque confio 100% em você, Maria Luiza - Afirma - Não só eu, Augusto jamais colocaria alguém incompetente para cuidar do time, seu trabalho é impecável.
Sinto meus olhos encherem mas me contenho, não posso chorar agora ou vou estragar tudo, mas não deixo de abraçar forte o homem em minha frente e agradecê-lo pelas palavras.
– Ô professor, porque seus jogadores não ganham abraços assim?
– Porque vocês acabam com a minha paciência, Kayke - Mano revira os olhos, sorrindo ladino.
– Lorota - O garoto responde, vindo em nossa direção de braços estendidos e, quando Mano enfim cede, Kayke o olha com cara de nojinho e direciona seus braços para mim, abraçando minha cabeça - Sai fora cara, eu tava zoando.
– Tá vendo, Malu? É por isso que eu não coloco a base pra jogar, eles não me respeitam - Brinca.
– Eles também não me respeitam - Rio.
– Nossa, professor, fala isso nem brincando não, caiu até minha pressão aqui, meu deus.
Abano Kayke com as mãos, gargalhando de sua expressão sofrida e dramática.
– Olha lá em garoto, se você passar mal não vou ter quem colocar no segundo tempo.
Fico surpresa com a informação, é incrível que, mesmo diante de tantas opções mais experientes para realizar substituições, o treinador do time escolha um dos meninos da base para realizar sua estreia como profissional em um clássico paulista. E, aparentemente a notícia foi uma surpresa para Kayke também, a sugerir pelo abraço apertado que deu no técnico assim que o mesmo terminou de falar.
– Meu deus, obrigada.
– Você tá chorando? - Seguro o riso.
– Não.
Kayke esfrega os olhos, claramente molhados por lágrimas, e preciso controlar ainda mais a vontade de rir de sua reação. Acho graça mas posso compreender seus sentimentos no momento, me senti da mesma forma há algumas horas atrás quando fui informada de que faria parte da equipe do campo.
– Você é um jogador excelente, filho - Mano aperta o ombro do garoto de forma carinhosa - Tenho certeza de que não vou me arrepender desta decisão.
E assim, o técnico se retira do ambiente, deixando o jogador à minha frente completamente sem fôlego.
– Preciso chamar um médico ou você vai sobreviver?
– Acho que preciso de respiração boca a boca.
– Ih, vou chamar o Higor então - Zombo.
– Já passou, precisa não! - Responde, correndo em direção ao vestiário novamente.
NA:
oioi gente! mais um cap fresquinho
off: vocês preferem capítulos mais longos ou mais curtinhos? por favor, me deixem saber.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PILANTRA - Kayke Ferrari
Fanficonde Maria Luiza finalmente conquista seu tão sonhado contrato profissional com seu time de coração e onde Kayke se torna seu maior tormento.