doze

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No dia seguinte, acordo com uma sensação boa. Levanto da cama com um humor consideravelmente melhor do que ontem, tomo banho e me arrumo com o uniforme de jogo. Ao finalizar, pego um uber em direção a Arena.

No vestiário, o clima está eletrizante. Os jogadores estão concentrados, cada um com seu próprio ritual pré-jogo. Observo-os com admiração, pensando na paixão e determinação que cada um carrega consigo, junto do amor incondicional que desenvolveram pelo clube.

Enquanto o jogo se desenrola, fico à beira do campo, atenta a cada movimento, cada jogada, cada momento de brilho e superação. O jogo é um espetáculo, onde o adversário nem possui chances de respirar enquanto nosso ataque avança, entrando na área com um gol de bicicleta de Romero e outro de cavadinha de Matías Rojas.

Quando o apito final finalmente soa, e a vitória é nossa, sinto uma onda de gratidão e satisfação. Não apenas pela conquista do jogo, mas também pelo trabalho árduo e pela dedicação demonstrados por todos os envolvidos. Fico feliz pelos jogadores que venho observando com possíveis incômodos pois durante todo o jogo é possível notar a melhoria quase que completa de todos.

No vestiário após o jogo, a atmosfera é de euforia misturada com alívio. Os jogadores celebram entre si, trocando abraços e cumprimentos, enquanto Mano faz questão de destacar o desempenho exemplar de cada um. As conversas são animadas, repletas de risadas e comentários sobre os momentos-chave da partida.

Lá fora, na área da família, caminho até a familia de Yuri, de quem sou muito próxima. Cumprimento sua mãe, pai e irmãs e pego Ysis no colo, enchendo-a de beijos enquanto a garotinha gargalha. Puxo Isabella para longe para que possa contar o acontecimento com Kayke.

– Cara, que babaca! - Ela parece chocada.

– Yuri disse a mesma coisa - Rio - Se ele pensa que vou ir atrás está muito enganado, cansei de depender de alguém pra ser feliz, ele não me afeta.

Dou de ombros e quando olho para Isa sua expressão é de susto, misturado com um olhar furioso.

– Que foi Isabella? Tá vendo o bicho?

– Ok, eu sei que você disse que o Kayke não te afeta mas olha aquela cena ali - Aponta disfarçadamente com a cabeça para nossa direita.

Era Kayke, com uma loira bonita agarrada em sua cintura em um abraço lateral. Os dois riam junto da mãe e irmã do jogador.

– Deve ser a mulher do telefone, que saco, eu imaginei ela feia - Bufo.

Minha melhor amiga passa alguns segundos em silêncio e posso ver as engrenagens de seu cérebro funcionando.

– Pega um amigo dele - Sugere, sorrindo travessa.

– Tá maluca? Ele me mata

– Exatamente! Só tem uma maneira de afetar um homem e é pegando as pessoas em quem ele confia.

– Mas quem? Duvido que algum dos meninos faria isso com ele.

Como se fosse um sinal divino, Higor passa na mesma hora, sorrindo e piscando um olho ao nos cumprimentar.

– Tá ai seu alvo - Isa ri - Homens só pensam com a cabeça de baixo, eles não estão nem ai pra lealdade e amizade, confia em mim Malu.

Pondero por alguns instantes. Não seria má ideia, ele já flertou comigo, eu acho ele gatinho, pode funcionar.

Sorrio maldosa. Tudo bem, se é assim que vamos jogar, vou ensinar pro Kayke com quantos paus se constrói uma canoa.

Mais tarde, quando a resenha de lei foi confirmada na casa de Maycon, decido seguir o conselho de Isabella e colocar meu plano em prática. Aproveito a oportunidade quando Higor está sozinho na cozinha do jogador, preparando uma água com gelo e limão e aproximo-me com um sorriso confiante.

PILANTRA - Kayke FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora