dezesseis

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No dia seguinte, acordo com a cabeça pesada e mãos rodeando minha cintura, abro os olhos, lembrando lentamente da noite passada. Achei que acordaria morrendo de vergonha pelos meus atos sob efeito de álcool, mas não me arrependo.

Sinto minha pele queimar ao ser observada, ainda de olhos fechados.

– Para de me olhar, é estranho - Sussurro.

– Você é bonita dormindo - Kayke sussurra de volta, me dando um beijinho no ombro.

Abro os olhos, o encarando de volta. Passo minhas mãos por seu rosto, contornando seus lábios com a ponta dos dedos.

– Achei que acordaria sem você aqui de novo.

– E te deixar sozinha com o Higor depois de ontem? Nunca.

Rio baixinho, tentando não acordar o outro garoto.

– Bom saber que você ficou aqui até de manhã por ciúmes.

– Fiquei porque eu não deveria ter ido da primeira vez.

Seus olhos se tornam nublados e intensos, sua mão vagueia por meu rosto.

– Precisamos levantar, daqui a pouco temos que voltar pra são paulo com o time - Ameaço me sentar mas Kayke me puxa para ele, a voz abafada por meu pescoço quando ele fala.

– Ah não, vamos ficar.

– Kayke, o Mano mataria a gente se nos atrasassemos, eu preciso tomar banho - Imploro.

– Então eu vou com você - Ele tira a cara do meu pescoço, olhando em meus olhos com seriedade.

– Não foi um convite - Reclamo.

– Ontem a noite não foi preciso um convite - Ele rebate irônico.

– Ontem a noite eu estava alcoolizada.

– Ah é? Era outra personalidade né?

– Sim - Dou de ombros.

O calor da situação começa a se dissipar à medida que a realidade da manhã se impõe sobre nós. Kayke me solta suavemente e se levanta da cama, esticando os braços.

– Você está certa, precisamos mesmo nos apressar - Ele admite, enquanto eu me levanto também.

– Acorda o Higor desse sono de pedra dele, vou tomar banho.

Entro no chuveiro, respirando fundo quando a água morna e relaxante me atinge. Parece que um caminhão passou por cima de mim três vezes.

Lavo meu cabelo calmamente, me ensaboando em seguida. Assim que finalizo, desligo o chuveiro. Enquanto me seco, escuto os dois garotos conversando baixinho no quarto, como se não quisessem que eu os ouvisse.

– Acho bom você ter curtido demais o que rolou ontem, porque nunca mais vai acontecer - Kayke aponta.

– Kayke, não acho que você é quem vai decidir isso - Ironiza

– Irmão, você é meu melhor amigo e eu amo você pra caralho, de verdade mesmo, de coração. Mas aquela garota ali, é minha.

– E ela sabe disso? Porque não parece

– Eu vou me entender com ela, beleza? Não se mete.

– Então acho bom você começar contando a verdade sobre a Bruna.

Franzo o cenho, pensando em quem é Bruna. Rapidamente ligo uma peça a outra, Bruna é a loira que não larga do pé do Kayke. A garota do telefone.

Fico incomodada, se há algo que eu deva saber, então é porque ele tem algo com ela.

PILANTRA - Kayke FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora