dezenove (+18)

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Na manhã seguinte, me sinto tão ansiosa que acordo antes do despertador. Tomo um banho demorado, lavando o cabelo e esfoliando minha pele. Colo meu uniforme preto, separando uma roupa para trocar ao final do turno, faço uma maquiagem leve e uso o babyliss para dar ondas ao cabelo, por fim, passo meu melhor perfume, colocando-o na bolsa para retocar ao final do dia.

Chego no CT antes do horário, o local ainda está vazio, contando apenas com alguns funcionários na portaria e na cozinha. Organizo minha sala e vou em busca do café da manhã. Como devagar, e distraidamente, por isso, não ouço quando Yuri adentra o lugar.

– Ta morando aqui, Malu? - Ele anda até mim, beijando o topo da minha cabeça em seguida.

Sorrio para o garoto.

– Acordei muito cedo - Explico.

– É, eu também.

Yuri enche seu prato, sentado à minha frente.

– Ta melhor daquele incômodo que tinha sentido?

– To sim, acho que era só tensão e estresse mesmo - Dá de ombros e eu concordo com a cabeça - O que tirou seu sono?

Suspiro alto.

– Kayke me convidou pra comer com a família dele hoje.

Yuri ri.

– Meu deus, Maria Luiza, e eu achando que era emocionado.

– Para com isso! - Repreendo.

– Falando sério, tá nervosa porque? Não é como se você nunca tivesse falado com a mãe dele.

– Mas é diferente, ela não me convidou como fisioterapeuta - Faço uma expressão sofrida.

– Malu, é impossível ela não gostar de você, tá se preocupando atoa.

– Não to preocupada com isso - Finjo.

Yuri faz cara de tédio.

– Eu te conheço, minha filha. Sei que tá pensando no que vai acontecer se ela te odiar igual a mãe do Caetano.

As palavras de Yuri me atingem em cheio, acertando em um lugar que eu não mexia há tempos. É, a mãe de Caetano sempre me odiou, desde o começo do nosso relacionamento, ela mal queria me conhecer quando ele deu a ideia e ficou pouco contente ao saber que eu não tinha uma renda nada parecida com a do seu filho.

Enquanto termino meu café em silêncio, a conversa com Yuri me faz refletir sobre meus próprios sentimentos. Talvez haja mais do que só nervosismo em relação ao convite de Kayke. Também não posso negar que há uma certa insegurança em relação ao meu lugar na vida dele, especialmente quando se trata de interação familiar.

Yuri percebe minha hesitação e coloca a mão sobre a minha, apertando-a de maneira reconfortante

– Malu, confia em mim, tudo vai dar certo. Você é incrível, e ela vai amar você de cara, eu conheço a família do Kayke, eles não são como a do Caetano.

Aceno com a cabeça, agradecendo-o com um sorriso.

À medida que o dia avança, mergulho de cabeça nas minhas responsabilidades. A rotina agitada de hoje me ajuda a manter a mente ocupada e a afastar os pensamentos ansiosos sobre o jantar de mais tarde.

Entre sessões de treinamento, avaliações de lesões e reuniões com a equipe técnica, encontro pequenos momentos para respirar fundo e reafirmar minha confiança. Lembro-me das palavras de Yuri e de seu apoio sincero, o que me dá um impulso de determinação.

À tarde, quando finalmente chega a hora de me preparar para o jantar, percebo que estou mais calma do que esperava. Vou ser eu mesma, e se sentir que eles não gostam de mim, vou me afastar. Prometi a mim mesma que nunca mais frequentaria qualquer lugar ao qual eu não fosse bem vinda ou respeitada.

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⏰ Última atualização: Feb 26 ⏰

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PILANTRA - Kayke FerrariOnde histórias criam vida. Descubra agora