"Então, eu quero que conte a verdade sobre aquele dia... A verdade sobre o momento em que você atirou no Lucca."
O juiz se endireitou em sua cadeira e a sala estava completamente atônita.
Brianna começou a chorar e mesmo o promotor estava pasmo. Ceci respirava com dificuldade. Christian estendeu a mão e segurou a mãozinha gelada dela e Laura veio ficar ao lado da menina. O advogado pediu que trouxessem água com açúcar para que a pequena se restabelecesse. Não havia uma única pessoa na sala que não estivesse com o coração martelando num tum tum tum incontrolável dentro do peito.
Alguns minutos se passaram e ela começou a explicar.
"O Lucca sempre importunava a Bri, ela gostava dele e ficava com ele algumas vezes, depois ela chorava e eu ficava muito triste por vê-la daquela forma. Ele bateu nela umas duas vezes e tentou arrancar a roupa dela à força. Eu tentava ajudar, mas ele me batia também. Minha mãe não acreditava em nós. Ela ficava brava com a Bri. Eu estava cansada de tudo aquilo, das brigas e dele fazendo mal para a minha irmã. Ela estava infeliz, eu estava infeliz. Naquele dia, eu cheguei da escola e estava muito frio, por isso não tirei as luvas. Subi para meu quarto e a Bri disse que traria um leite quente. Ela foi para a cozinha buscar, mas estava demorando muito e eu fui atrás. Quando passei pelo quarto dela, eu a vi tentando se livrar dele. Mas Lucca era mais forte e a prendeu na cama. Ele estava tentando tirar a roupa dela e eu tentei ajudá-la mas não consegui. Então eu fui até a cômoda e peguei a arma que eu sabia que minha mãe guardava ali. Ele estava sentado em cima dela e de costas para a porta, eu só queria que ele a deixasse em paz, então eu atirei."
Ceci olhou ao redor, os olhos úmidos e a mão tremendo quando voltou a gesticular.
"Ele caiu em cima da Bri. Pra ela se levantar, precisou tirar o corpo dele de cima dela, então ele caiu do chão. Minha mãe subiu as escadas e começou a gritar, eu joguei a arma no chão, a Bri pegou a arma pelo cabo e guardou de volta na cômoda. Eu fiquei desesperada em ver minha mãe chorando e o Lucca daquele jeito, então a Bri ligou para o Júlio vir me buscar."
Christian pensou que essa versão era com certeza a verdadeira, porque tudo se encaixava, mas ainda tinha algumas coisas para ser entendidas.
"E porque o Júlio ligou para sua mãe, se ela já estava em casa?"
"A Bri ligou para o Júlio e pediu para ele ligar, eu não sei porque."
O juiz interveio no depoimento.
-Senhorita O'Connell, fique de pé por favor e esclareça os pontos a partir do momento em que tirou sua irmã de casa.
Brianna fez conforme ordenado.
-Eu fiquei desesperada em pensar que minha irmã pudesse ir para um reformatório e tentava pensar em uma maneira de fazer aquilo parecer um acidente, mas não havia como explicar um tiro nas costas como sendo um acidente, então minha mãe disse que eu deveria assumir o lugar da Ceci. Ela é deficiente e uma criança ainda. Além do mais, eu amava o Lucca e muitas vezes eu o incentivei a ficar comigo, talvez por isso ele não me deixou em paz quando eu decidi que não queria mais. De certa forma, a culpa era minha. Eu achei que tinha que organizar as coisas de maneira que pudesse convencer a polícia de que era eu a culpada. Por isso pedi para o Júlio ligar. Se eu convencesse a todos que estava somente eu e o Lucca em casa, então não haveria nenhum outro suspeito."
Christian terminou a explicação que agora estava muito clara pra ele.
-Sendo assim, convenceu Ceci a guardar o segredo amedrontando-a com a ameaça de ser presa. E quanto ao Júlio?
-Na hora, ele não fez nenhum tipo de pergunta. Quando voltei a falar com ele, já dei minha versão dos fatos como sendo a única culpada.
-Entendi.
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A Assassina - 3o.Coligado aos "Agentes do BSS"
RomanceChristian Watson é um homem de atitude. Determinado, audacioso e considerado o advogado mais temido e genioso de Nova Iorque, ele faz jus à sua fama de imbatível. Mas por baixo do retrato profissional e da gélida e impecável imagem, há um homem soli...