Depois que a porta se fechou, Christian sentiu-se angustiado. Esfregou o peito como se o gesto pudesse aliviar a pressão doída que sentia ali. Que grande porcaria. Como consertaria toda a merda que tinha feito? A verdade era que...ela estava certa. Totalmente certa. Sua resistência em estar publicamente com ela não estava relacionado com o fato de estar preservando a vida particular deles, mas de que tudo que conhecia de relacionamentos era o avesso do que Brianna representava e ele não se sentia seguro o suficiente para avançar por esse caminho. E sim, colocou sua imagem e sua carreira acima do seu amor.
O telefone dela chamou três vezes naquele dia, mais duas vezes no dia seguinte, mas Brianna não atendeu. Não tinha nada para falar com Christian e com certeza, as desculpas que ele daria não aplacaria a mágoa do seu coração naquele momento. No restaurante Clint e Michelle perceberam que o estado de espírito da menina não era dos melhores, mas ela afirmou estar bem porque não tinha forças para contar a verdade à eles. Era muito doído e um tanto humilhante.
Os dias que seguiram foram muito atarefados e Brianna ficou agradecida por ela e Clint não terem tempo para conversar. Michelle pediu ao gerente que desse folga para ela no sábado porque imaginava que a menina precisaria de tempo para se arrumar para o evento. Ela não comentou que não iria. Continuava sem conseguir falar sobre o assunto e também tinha medo que tocar nele pudesse desencadear uma choradeira que ela não iria conseguir controlar.
Sábado à tarde, Christian estacionou de frente com a casa da menina. Tinha dado uns dias para ela se recuperar do choque emocional que sofrera e esperava que conseguisse convencê-la à acompanhá-lo. Já tinha resolvido tudo com os organizadores e embora seu esforço não o redimisse da sua atitude imbecil, estava confiante que o gesto poderia amenizar o impacto da sua estupidez e mostrar a ela o tamanho do seu arrependimento.
Da janela do seu quarto, Brianna viu o carro de Christian estacionar. Rose abriu a porta devagar.
-Ele está ai.
-É, eu vi.
-O que eu digo?
Balançando a cabeça negativamente e com a voz trêmula, a menina olhou para sua cunhada tão querida.
-Não consigo Rose.
-Não quer nem ouvir o que ele tem a dizer?
-Não hoje.
Lá de cima Brianna ouviu vozes, mas não conseguia distinguir o que estava sendo dito. De fato, não importava e uns segundos depois o carro partiu. Ela abriu seu guarda-roupas. Tirou seu vestido e o pendurou do lado de fora, olhou-o por um bom tempo, acariciou o tecido macio. Nunca o usaria, talvez fosse melhor devolvê-lo. Sem perceber ou querer, ela acabou chorando. Ceci entrou no quarto e ficou preocupada. A irmã tentou tranquiliza-la, mas foi em vão. A pequena se sentou na cama e colocou a irmã mais velha deitada em seu colo enquanto acariciava os cachos dos seus cabelos.
O gesto fez Brianna chorar ainda mais. Aquele sem dúvida era um dos piores dias da sua vida.
Christian se olhou no espelho. Sua imagem estava impecável, mas seu peito estava apertado e havia um nó na sua garganta. Quando pensava nesse dia, sempre considerava que ficaria emocionado, mas hoje tudo que conseguia vir à sua mente era a imagem de decepção nos olhos de Brianna. Os últimos dias foram insuportáveis, não conseguiu dormir e sentia-se péssimo. Não foi boa idéia ter deixado pra ir à casa dela na última hora. Deveria tê-la procurado antes, deveria ter insistido mais. A verdade era que não sabia lidar com um relacionamento de forma adequada. Não tinha noção de como consertar as coisas e não estava acostumado a correr atrás de ninguém. Assim, tinha feito tudo errado desde o início e continuava fazendo.
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A Assassina - 3o.Coligado aos "Agentes do BSS"
RomanceChristian Watson é um homem de atitude. Determinado, audacioso e considerado o advogado mais temido e genioso de Nova Iorque, ele faz jus à sua fama de imbatível. Mas por baixo do retrato profissional e da gélida e impecável imagem, há um homem soli...