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II.

Harry ainda pode sentir sua raiva, mesmo quando chega longe o suficiente em sua Firebolt para que a chuva seja uma lembrança distante.

Quando ele para em uma clareira não muito longe de uma cidade próxima, Harry estremece enquanto seu corpo protesta. Ele dói em lugares que não deveria. Ele está coberto de lama. Ele está sangrando.

Ele consegue se lembrar, por um feliz segundo, do medo absoluto que Voldemort sentiu, ecoando em Harry com tanta profundidade que quase o ensurdeceu, quando Harry caiu da encosta do penhasco diante dele.

Procurando na bolsa de pele que Hermione colocou em suas mãos anos atrás, ele tira um espelho. Ele está sorrindo quando a pessoa do outro lado atende.

*

No terceiro ano, quando Harry Potter descobriu tudo o que pensava que havia para saber sobre Sirius Black, mas antes de realmente saber tudo, ele ficou com raiva. Ou melhor, ele pensou que estava com raiva.

Mais tarde, muito mais tarde, ele percebeu que estava bravo, sim - mas também estava ferido. Ele também estava sozinho.

Até seu próprio padrinho o queria morto. Quem mais poderia desejá-lo?

*

O Yule em Grimmauld Place é animado, apesar do ar pesado que paira sobre os Weasleys. Harry está contente, mas sente que de alguma forma está pisando em ovos. Que essa família cheia de cabelos ruivos e grandes sorrisos é frágil. Que com uma palavra errada, um toque errado, eles vão quebrar sob a pressão de tudo isso.

Harry conhece o sentimento.

Ele faz o possível para não pensar muito na conversa com o diretor. Tenta não deixar que o peso disso o mantenha congelado, à beira da decisão.

Porque, apesar da relutância com que Dumbledore revelou o que acreditava saber, Harry tem uma decisão a tomar.

É o que o leva a evitar a família feliz e covalente dos andares inferiores. É o que o leva a explorar as portas quebradas e dilapidadas que se abrirão para ele, as tábuas do piso rangendo sob seus pés enquanto ele caminha pelos corredores escuros.

"Alguns desses quartos ainda são perigosos, você sabe."

Harry olha para cima, de seu lugar no chão de um dos muitos quartos, com papéis ao seu redor em um tapete gasto e empoeirado. Sirius fica parado na porta como se não tivesse certeza se seria bem-vindo, encostado no batente, as mãos enfiadas nos bolsos de calças surradas que poderiam parecer atraentes se não fosse pelos anos de desuso.

Harry oferece a ele um sorrisinho torto e encolhe os ombros. "Um pouco de perigo já me impediu antes?"

"Não," Sirius ri. "Não, suponho que não. O que você está lendo?"

No colo dele há um diário. Cada página está assinada RAB e Harry não sabe quem é, mas ele parece jovem e parece tão solitário quanto Harry em algumas das entradas.

"Um diário", Harry o levanta. "Você sabe quem...?"

"Meu irmão," Sirius diz, batendo as costas dos dedos na porta aberta com um pequeno suspiro. "Regulus. Este era o quarto dele. Estou surpreso que você tenha conseguido entrar. Pensei que aquele maldito elfo doméstico tivesse fechado a porta.

Harry encolhe os ombros novamente. "Não me deu muitos problemas. Eu apenas perguntei."

As sobrancelhas de Sirius se erguem. "Você perguntou a Monstro?"

"Eu perguntei para a casa", diz Harry.

Sirius pisca para ele e então sorri. "Claro que você fez. E, como o Herdeiro, eles abriram para você."

Draw me after you (let us run) TOMARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora