XXXIII.
Harry quer raiva. Naquele estudo silencioso, muito cedo pela manhã, Voldemort parado diante dele em finos glamours e roupas mais finas ainda, Harry quer raiva.
E, no entanto, no momento em que ele se vira, ele percebe que o objeto foi arrancado de seu peito, como tantas outras coisas.
"Voltamos a fingir que nos ofendemos com tudo o que digo?", pergunta Voldemort, inclinando a cabeça e colocando as mãos atrás das costas.
Seu sorriso é torto e divertido. Harry queria odiá-lo mais.
Ele parece tão satisfeito. Tão presunçoso e satisfeito. Com ele mesmo ou com a situação ou com o temperamento de Harry– Harry não sabe. Harry não consegue nem pensar nisso por muito tempo.
Cruzando os braços ainda mais forte, Harry balança a cabeça. "Não."
Voldemort cantarola, olhos escuros o observando rapidamente. "Bom. Prefiro a honestidade."
A risada de Harry, quando brota do poço de desconsolação em seu peito, é seca e ligeiramente histérica.
"A honestidade é um pouco complicada agora", diz ele.
Voldemort se endireita um pouco, tornando sua expressão séria. Não faz nada para esconder aquele prazer pulsante e pulsante – como uma batida de coração, ou uma chama ondulando, ou uma tempestade se formando no horizonte.
Problema , pensa Harry.
"É?" Voldemort pergunta, dando um passo mais perto. "E por que seria, Harry?"
Ah, pensa Harry. Aí está a raiva.
"Ignorância — mesmo fingida — é uma imagem terrível para você, Tom."
Voldemort fica parado, sua mandíbula apertada. Há vermelho em seus olhos.
Harry se sente vagamente sem fôlego.
"Você parece ter entendido mal", ele diz, a voz medida e baixa – como se tivessem todo o tempo do mundo, só os dois. "Não peço para fingir inocência. Peço para ver de qual truque você está falando."
Harry zomba, jogando os braços para fora. "Devo listá-los em ordem alfabética ou cronológica?"
Voldemort então sorri, formando uma covinha na bochecha esquerda, e quando o estômago de Harry faz algo absolutamente ridículo, isso o deixa ainda mais irritado.
"O que você preferir, Harry."
Harry acha que pode engasgar com essa sensação terrível. Uma coisa lívida, fervente, contorcida que se retorce e se enrosca em seu peito e através de suas costelas – mas pior é a coisa tão machucada , sensível e dolorida por baixo.
E pior que isso, a carência.
"Vamos começar com o mais flagrante, então," Harry retruca, já cavando na bolsa de pele de mocassim em seu quadril com movimentos bruscos – puxando aquele maldito livro e batendo-o no peito de Voldemort. "Ou devo acreditar que você poderia sentir remorso pelas coisas que fez?"
Voldemort não desvia o olhar dele, mas pega o livro, mandando-o para algum lugar com uma onda fácil de magia. "Qualquer pedido de desculpas que eu pudesse fazer por minhas próprias ações seria insincero. E eu não tentaria enganá-lo com um."
"Certo," a respiração de Harry estremece. "Você pode se arrepender das consequências de algumas de suas ações– mas você nunca sentirá remorso verdadeiro por elas, não é?"
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Draw me after you (let us run) TOMARRY
Fanfiction"Harry Potter", vem o silvo suave e sibilante de uma voz que ele ouve em seus sonhos, em seus pesadelos, em suas horas de vigília há anos. Lenta e cuidadosamente, Harry se vira e fica de joelhos. Ele fica lá, com a respiração curta embaçando-se na f...