Harry acha que deve estar em estado de choque. Assume que todos devem estar, quando ninguém pensa em protestar enquanto Voldemort convence Harry a se levantar, enquanto o guia em direção à porta, enquanto o leva para fora da sala.
Ouve apenas Snape falando, pedindo algum tipo de retorno à sanidade, e então Sirius lhe dizendo bruscamente para deixar aquilo.
Harry não sabe exatamente o que eles pensam, não sabe o quanto eles podem duvidar dele, mas Sirius encontrando seus olhos quando ele olha por cima do ombro em seu caminho para fora da porta, Sirius dando-lhe um pequeno aceno e uma careta menor, dá a Harry o espaço para respirar. O espaço para perceber que todos eles devem realmente pensar que ele está se oferecendo como algum tipo de sacrifício, se ninguém está questionando as lealdades de Harry em sua jornada para fora dos escritórios de Dumbledore.
Até Sirius, que sabe mais, sabe que Harry está dividido.
Ele não percebe que sua respiração ficou pegajosa, instável e ligeiramente curta, até que eles já estão descendo as escadas em espiral e no corredor principal. Não até que a mão de Voldemort aperta a dele. Não até que ele sinta Voldemort se aproximar.
"Respire, pequeno espinho," Voldemort diz a ele, como se Harry claramente já não estivesse tentando isso. "Se você não pode confiar em mais nada, confie nisso: eu estou aqui e tenho você."
"E você pretende ficar comigo", Harry diz com a voz rouca, fechando os olhos com força.
"Sim", Voldemort diz a ele, mesmo que não fosse nem uma pergunta. "Em qualquer capacidade que você permitir."
Harry não consegue respirar. Ele não consegue respirar.
"E se eu não puder permitir nada disso?", ele engasga.
"Atormentar."
Voldemort diz seu nome como se o estivesse repreendendo. Como se ambos já soubessem que Harry permitirá algo.
Nenhum deles sabe até onde esse algo se estende, mas a mão de Harry apertando novamente a de Voldemort já é revelador o suficiente.
"Você é um monstro", Harry suspira, agarrando-se com força, apesar de suas palavras.
"Sim", Voldemort concorda, e a respiração de Harry fica completamente presa quando ele ouve o farfalhar de Voldemort se aproximando.
Quando ele sente a pressão dele contra seu lado. O toque da testa de Voldemort na têmpora de Harry.
"Eu não posso querer você", Harry diz a ele, abrindo os olhos quando sente Voldemort entrelaçar seus dedos, quando sente a respiração de Voldemort contra o lado de seu rosto.
Quando ele ouve Voldemort cantarolar e dizer: "Mas você tem."
Harry sente algo apertar em sua garganta. Ele quase soluça.
"Sim", ele confessa.
"Harry", diz Voldemort novamente, mas dessa vez é um aviso.
"Eu não posso", Harry diz a ele, mesmo quando ele se vira para ele, mesmo quando ele pressiona o alívio frio dele. "Tom, eu não posso–"
Voldemort curva uma mão ao longo da linha do maxilar de Harry. Pressiona seu polegar sobre a parte dos lábios de Harry. Silencia-o.
"Está tudo bem, querido," Voldemort o assegura, e Harry só percebe que está chorando quando sente a boca de Voldemort pressionar sua bochecha, captando a tristeza de Harry em seus lábios. "Está tudo bem."
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Draw me after you (let us run) TOMARRY
Fanfiction"Harry Potter", vem o silvo suave e sibilante de uma voz que ele ouve em seus sonhos, em seus pesadelos, em suas horas de vigília há anos. Lenta e cuidadosamente, Harry se vira e fica de joelhos. Ele fica lá, com a respiração curta embaçando-se na f...