Duas faces - Changlix 🔞

21. Ninho

⇜ Perspectiva de Seo Changbin ⇝

(...)

Se todos me deixarem
Ainda é você
Se eu me esquecer quem eu sou
Ainda é você

Se você deixar, no teu peito eu faço ninho
Se você quiser, faço sua noite virar dia
Se você puder, vem ficar do meu lado
Se você permitir, vem ser minha única alegria

(...)

(Trecho de poema postado anteriormente, de autoria de @juntinhoscomskz )

*** 

Changbin saiu do banheiro com um sorriso que mal cabia em seu rosto. De roupão, escolhia uma roupa com cuidado, cantarolando alguma coisa. Diante do espelho grande de seu closet, abriu o roupão para ver seu peitoral marcado, se sentindo maravilhoso e adorável. Lembrava de quão intenso tinha sido aquele momento, da cara de Yongbok quando o ouviu chamá-lo de amor, e de como ele chegou ao clímax depois disso e por causa disso.

Não havia mais obstáculo algum, então ele faria de Lix seu namorado naquele domingo perfeito.

Não conseguiu na noite anterior e das vezes que tinha tentado, tudo apareceu para interrompê-lo. A verdade é que ele estava uma bagunça, então não encontrou determinação de enfrentar os pequenos empecilhos.

De certa forma tinha sido melhor assim. Pôde se acalmar e aproveitar uma noite tranquila, e organizar o pedido do jeitinho certo em sua casa, sem ninguém para surgir de repente e pegar os dois no flagra, ou gatos para dar uma crise de alergia no meio do pedido (ele os achava sempre muito fofos, mas um espirro entre "quer ser" e "meu namorado" não parecia atraente).

Queria fazer isso direito. Tudo precisava ser perfeito.

Mas um lado de si se arrependia um pouco de não ter conseguido. O beijo na chuva, a poesia, o beijo de boa noite... todos eram momentos perfeitos. Changbin se considerava corajoso, mas nem tanto quando se tratava de assuntos sentimentais, que eram os mais difíceis. Isso ele ainda estava aprendendo com Lix. Ele o tinha ensinado a se permitir sentir, e ainda era ele que o acompanhava nessa lição difícil.

"Ainda é você..." Ah, aquela poesia... junto com as fotos antigas dos dois espalhadas pelo quarto de Felix, ele seria um idiota se realmente não tivesse percebido que foi escrita para ele, como Jisung cogitou que ele não tinha. Ele só precisou disfarçar o fato que tinha ficado bobo e emocionado. O mais engraçado era como o poema poderia ser invertido e usado para ele mesmo. Ele se identificava com aqueles versos de todo o coração.

Finalizava o almoço enquanto tentava reler pedaços do poema que apareciam na foto que tirou, quando ouviu a porta abrir. Seu sorriso sumiu.

— O que a senhora tá fazendo aqui?

— Tenho certeza que sabe — Sua mãe disse impassível, repousando sua bolsa em algum lugar — Ou você acha que jogaria uma bomba daquelas e fugiria, sem dar satisfação alguma de suas tolices?

— Tolices?

— Sim. Tolices. Seu pai ficou bastante nervoso com aquele espetáculo que você deu. Amanheceu perguntando sobre casamentos para os sócios e diretores que têm filhas. Em breve devem chegar convites de encontros às cegas. Tente não fazer vergonha.

— Ele foi atrás de casamento? Tem certeza que não foi a senhora? Vocês devem achar que eu estava brincando, só pode.

— Você não ousaria uma brincadeira tão sem graça, na frente de parceiros de negócios de seu pai. Você sabe que eles podem retirar suas ações do conglomerado apenas se baseando no que você disse, não sabe? A esta altura todos já devem estar comentando. Não basta um herdeiro que não pretende assumir o legado, ainda ser...