04. Fantasmas daquela noite

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⇜ Perspectiva de Seo Changbin ⇝

Acordou suado, mesmo vestindo apenas seu calção de dormir como de costume. A cama completamente bagunçada de quem teve uma noite agitada. Quem visse, acharia que Bin não passou a noite sozinho.

Se sentia confuso, como se estivesse de ressaca. Se esticando na cama, buscou seu celular e checou suas mensagens; só então que se deu conta de que tudo aquilo aconteceu de fato.

Quando sentou-se, esfregou seu rosto com um grunhido frustrado. E, mesmo com todo seu constrangimento, ou talvez graças a ele, a rigidez matinal apertava suas roupas.

No espelho, por entre os fios ondulados do seu cabelo, ele viu seu peito musculoso avermelhado. As tiras macias daquilo que parecia um chicote não machucaram muito, apesar dos sustos, mas fizeram o bastante para deixar marcas. E por algum motivo que fugia de sua compreensão, ele se sentia mais sexy do que jamais foi, se exibindo para si mesmo.

— Merda! — exclamou em auto-reprovação e se levantou, evitando olhar para si novamente.

Ele ainda se sentia em chamas depois da noite passada e não sabia o que fazer com isso. Ao mesmo tempo, sentia uma vergonha profunda, não apenas por causa do desfecho de toda aquela situação, mas por ter ido completamente contra tudo que ele disse para seus amigos. Changbin ainda se via pensando igual, mas seu corpo não parecia concordar.

Sua própria hipocrisia era uma tortura para si.

"Deve ter algo errado comigo. Sim. Deve ter sido algo temporário." — pensava enquanto esperava que a água do chuveiro levasse toda aquela confusão embora.

O resto de seu dia não foi menos sensível e contraditório. Tentou convencer seus amigos de sair, ir em algum clube gastar aquela energia. Ninguém parecia disposto, ou disponível, então ele decidiu ir sozinho.

*

O uber parou de frente à uma boate. Toda a confusão da noite passada demandava alguma atitude naquele momento, se não ele enlouqueceria. Entretanto, não sabia exatamente o que procurava.

Sal, dose, limão - uma, duas, três vezes.

Ele procurou no fundo do copo a coragem e o esclarecimento.

Esparramou-se no sofá, detrás de uma mesa coberta com alguns copos e um prato com limões. Encarou a massa de pessoas dançando sob uma batida grave e acelerada. Estava tão sensível que o simples calor humano do ambiente o deixava agitado naquele canto escuro da boate.

Ou seria a tequila?

Entre as pessoas dançando, pensou ter visto alguém com um sobretudo sem camisa por baixo. Esfregou os olhos.

Queria calar seus pensamentos.

— Procurando por mim? — Ele teria se assustado se a voz não fosse feminina.

— Desculpa. Nos conhecemos? — Perguntou para a garota que já se acomodava ao sentar do seu lado.

— Não, mas a gente pode mudar isso — Ela colocou o cabelo vermelho atrás da orelha, com um sorriso confiante.

Talvez ele estivesse mesmo procurando por ela: uma bela desconhecida que estivesse disposta a aguentar toda a pressão que ele estava segurando. Ele deu um sorriso de canto de boca, desviando o olhar.

Sal, dose, limão... beijo.

De olhos fechados, ele segurava o rosto da moça pela nuca, entrelaçando seus dedos nos fios lisos, e sua língua na sua boca macia.

Junto com o sabor do limão e álcool, o sabor de outro beijo veio à sua imaginação. "Não quer ser meu brinquedinho?" — dizia uma voz grave fantasma em sua cabeça. Ele tentou voltar a si, abrindo os olhos por um momento, para se certificar da pessoa que ele estava beijando.

Duas faces - Changlix 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora