Capítulo XV

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Ele foi tentando se levantar, tentei ajudar, mas ele fez um gesto dispensando. Não consegui olhar diretamente para ele, pois ele estava olhando em direção ao chão procurando seus óculos, quando de repente ele me deu uma olhada rápida e aqueles olhos brilharam muito mais.

-Ane...

Ele imediatamente me pegou no colo e me deitou na cama hospitalar, começou a procurar algo e juntar algumas coisas em meio aquela bagunça.

-Preciso que tire a camiseta!- Disse ele firmemente.

Eu corei, estava confusa e atordoada, mas disse:

-Não!.

Ele pegou fios e várias coisas e mesmo sem os óculos me lançou um olhar matador, aqueles olhos...

Eles eram de um azul, mas muito brilhante como se fosse uma luz, um robô, algo neon, não tinha como explicar já que não havia nada no mundo daquele jeito.

-Caramba Anelise, tira a camisa!- Berrou ele.

Nunca vi ele daquele jeito, tirei a camisa e a coloquei em meu colo, percebi que minha respiração estava ofegante, pois meus seios subiam e desciam rapidamente.

Ele se virou novamente para mim, me olhou com aqueles olhos como se dissesse "Desculpe", encarou meus seios por um centésimo de segundo e desviou o olhar a mim.

-Com licença.- Disse o professor tenso.

Sem esperar resposta, ele cuidadosamente ajustou o eletrocardiógrafo, respirou fundo e depositou os eletrodos em minha pele, alguns iam no peito, outros perto do tórax e os últimos...

-Posso?- perguntou ele com as mãos tremulas.

-Pode.- Disse eu quase que sussurrando.

Ele respirou e colocou eles no meu seio quase que encostando no sutiã, aquilo fez meus pelos se arrepiarem. Ele demorou em depositar, mas quando o fez virou-se rapidamente para o monitor e começou a pegar alguns papéis e um laptop.

O som da máquina tinia naquele porão, eu estava exposta e não entendia oque estava acontecendo, quase sem forças para perguntar disse:

- Por que eu estou com isso? Por que tudo voou pelos ares? Por que seus olhos...

Ele imediatamente me encarou, aqueles olhos pareceram brilhar ainda mais.

-Querida, só me deixe trabalhar, repondo tudo assim que der.- Disse ele digitando coisas em seu laptop.

A máquina começou a fazer barulhos contínuos, eu me irritei e disse:

-O acordo Harmann, me diga por favor. Agora é a hora disso, de você me contar tudo!-

-Achei!- Disse ele se levantando e indo em direção á um ármario.

-Oque?

Eu observei e ele não me respondeu, pegou uma bandeja enfiou vários objetos neles, objetos hospitalares, incluído agulhas e tubos.

-O que você vai fazer?- Os batimentos aumentaram.

Ele pigarreou.

-Anelise, vou ser objetivo.- Ele estava botando aquela bandeja ao lado da cama.

Pigarreou novamente.

-Eu irei precisar fazer alguns testes, exames e muitas coisas. Precisamos ser rápidos, sei sobre o medo de agulhas, mas não estou aqui para te machucar Anelise...- Ele suspirou- O que eu preciso de ti agora é que confie em mim, não me faça perguntas, pois irei responde-las depois, irei falar tudo. Confie em mim, eu sei que confia.

Ele me fitou de um modo que não sei explicar, mas que mexeu comigo, apenas consenti.

-Muito bem.- Disse ele pegando uma fita e uma agulha.- Vou precisar tirar sangue para alguns exames, não vai doer e você não vai sentir, eu prometo.

Ele amarrou a fita em meu braço a apertando, e gemi.

-Tudo bem Ane...- Ele acariciou meu braço. -Você é mais forte do que imagina.

Ele pegou a agulha e meus batimentos aumentaram, ele ouviu e disse:

-Respire.

-Como o senhor vai por a agulha sem verificar as veias?.

Ele sorriu.

-Eu faço isso desde pequeno, você não irá sentir.- Ele me encarou – E por favor, já lhe pedi para não me chamar de senhor.

E em um piscar de olhos o sangue estava sendo coletado, o curativo foi colocado. E ele estava trabalhando como um cientista.

Colocou seu jaleco, descartou as luvas antigas e colocou novas. Ele conseguia ficar mais atraente do que já é. Meus batimentos apareceram mais acelerados nos monitores.

"Merda" pensei.

-Tudo bem Anelise?- Disse o professor se virando para mim.

Corei.

-Sim.- Disse secamente.

Ele continuou seus exames, anotou mais coisas em seu laptop e olhou para mim.

-Anelise, irei precisar uma solução em sua corrente sanguínea para extrair mais sangue daqui alguns minutos. Tudo bem?

Apenas confirmei e ele imediatamente misturou alguns componentes, colocou em uma seringa e se aproximou.

Aqueles olhos eram hipnotizantes, eu tinha tantas perguntas...

-Você vai se sentir sonolenta, pode descansar se desejar.- Ele olhou para meus seios e voltou o olhar para mim. – Tudo bem?

-Apenas faça. – Disse eu já nem ligando para aquela agulha.

Ele o fez, ele fazia parecer que não estava acontecendo nada, não senti dor, nem reação, apenas senti quando ele colocou o curativo em mim.

Ele retornou aos seus serviços, observou o monitor e anotou mais coisas.

Minha vista ficou embasada e minha boca seca, apenas adormeci.

...

Senti algo gelado correndo em minha barriga e despertei, era o professor.

-Oi garotinha.- Ele estava sorrindo. – Seus exames estão todos quase prontos.

Ele estava retirando os eletrodos.

-Esta de alta, precisa de atestado médico?- Ele fez uma cara de sérios e guardou todos os fios numa gaveta.

Eu ri.

-Bom, como médico prescrevo um jantar de desculpas, mas também que na verdade é um jantar de informações que darei a você.

Eu fiquei feliz, não disse nada. Mas de uma vez por todas descobriria tudo.

Minha barriga roncou e só consegui dizer:

-Podemos pedir hamburguer e batata frita?

Ele me fitou e disse:

-Ao seu dispor.

O preço do meu SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora